3º ANO

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Aula dia 03-08 – Geografia/Prof. Paulo 

DICAS PARA ESTUDAR EM CASA E MANTER A ORGANIZAÇÃO

 

1 - Prepare o ambiente para estudar

A escolha do seu cantinho de estudos é muito importante! Encontre um lugar de sua casa em que a chance de distrações seja a menor possível. Um ambiente iluminado e silencioso é o ideal para se concentrar nos estudos. Pode ser em seu quarto, na área, sala, mas de preferência a um local que os moradores da casa não circulem com frequência para não tirar a sua concentração. 

2-  Não fique de pijama
Se você deseja manter o ritmo dos estudos, nada de ficar de pijama o dia todo!

Estar de pijama é garantia de que vai dar vontade de se encostar na cama e tirar um cochilo no meio da manhã/tarde. E o que era para ser apenas um rápido descanso de 20 minutos, pode virar duas ou três horas de sono. E a preguiça depois? Com certeza você vai acordar se perguntando: por que eu fiz isso? 

Levante, tome café e troque roupa. O seu dia será mais produtivo assim!

 3- Estabeleça horários fixos

Vamos pensar na sua vida como estudante: durante o ano letivo, sua escola não começa as aulas na segunda-feira, ela segue horários fixos para o início e para o fim das atividades, além de pausas preestabelecidas para o descanso dos alunos.

É bem provável que você ache essa rotina um tédio, mas os educadores sabem que o seu corpo precisa de hábitos para ter um funcionamento adequado e apresentar um bom rendimento.

Para estudar em casa, você também precisa manter essa disciplina. Crie horários fixos durante a semana para começar — e terminar — os seus estudos. Se em um determinado dia, você precisar mudar os seus horários para realizar outras atividades, volte à rotina normal no dia seguinte. Esses hábitos te ajudarão a disciplinar o seu corpo e a sua mente sem sacrifícios.

 4- Desenvolva um cronograma de estudos

Por mais que a nossa casa não seja uma instituição de ensino, ter um cronograma de estudos, com rotina definida e uma boa organização daquilo que precisará ser estudado ao longo das semanas, é crucial para que você não procrastine os seus estudos quando estiver em casa.

Você pode dividir as matérias a serem estudadas de acordo com o horário de aulas preestabelecidos assim, fica mais fácil criar metas de leitura, realizar exercícios e se preparar com qualidade sem deixar tudo para a última hora, já que estudar requer concentração e disposição do aluno.

 5- Entenda o que funciona para você

É importante que você preste atenção em si mesmo e em como você se sente enquanto estuda em casa para entender o que funciona para você. Porque a disciplina de estudar em casa é algo pessoal, e cabe a cada um descobrir, além dessas orientações gerais, qual é a maneira mais adequada para ela criar sua disciplina de estudos. Para cada pessoa existe um jeito, estudar em casa exige mais autoconhecimento para entender o que funciona melhor para você, o que funciona para uma pessoa é justamente o oposto do que funciona para a outra.

 6-Tenha paciência/ Peça ajuda

A experiência de aulas não presenciais, na forma como está sendo imposta ao cenário brasileiro devido à crise do Covid-19, exigirá de paciência dos alunos com os imprevistos. Você precisará se adaptar e nem sempre é fácil para quem passou a vida inteira frequentando o ensino presencial, se você sentir dificuldade com a nova metodologia, sentir que não está entendendo ou não está conseguindo utilizar os recursos adequadamente, peça ajuda ao seu professor, coordenador.  Muitas escolas estão fazendo o possível para garantir ferramentas, mas sem ao menos terem tempo hábil de testá-las ou capacitar as pessoas para seu uso. Sem falar que muitas vezes a tecnologia nos deixa na mão, então seja resiliente nesta hora.   

 7- Separe o material necessário

Deixe ao seu alcance somente o essencial para o estudo como lápis, borracha, canetas, marcadores, blocos de anotações, caderno e livros. Ter o material próximo evita a necessidade de para a todo momento as atividades para buscar algo e diminui a possibilidade de distrações.

 8- Assista vídeo aulas / Use a internet a seu favor

Assista vídeo aulas para complementar o conteúdo o conteúdo estudado e ter uma variedade de explicações variadas para encontrar a linguagem que você entenda com nitidez. Mas sabemos que a realidade de muitos estudantes é diferente e nem todos têm suporte on-line para o período sem aulas presenciais, se for seu caso use os livros impressos e tenha foco. 

A internet é a principal aliada do estudante que está em casa. O conteúdo on-line permite ao aluno procurar diferentes fontes de informação e complementar o que há nos livros didáticos de sua escola. 

Tenha cuidado com as distrações na WEB

Não há dúvidas a internet é um importante aliado na sua rotina de estudos. Graças a ela, você tem acesso a qualquer informação à distância de um clique, não precisa mais carregar dezenas de livros da biblioteca para casa e pode até assistir aulas no YouTube.

O problema é usar a internet como uma desculpa para perder horas atualizando as suas redes sociais ou em sites que não estão ligados ao que é relevante para os seus estudos naquele momento.

Sobretudo o estudante que está em casa e pela qual tem a flexibilidade na realização de atividades e tarefas, pode haver uma série de deslizes, já que tende a procrastinar enquanto navega por outros sites ou quando desperdiça horas nas redes sociais, deixando as responsabilidades em 2º plano.

O ideal é que, antes de começar a estudar em casa, você separe uma lista do que precisa consultar para os estudos.

Dessa forma, procure organizar um cronograma de estudos e segui-lo com seriedade, reservando as horas certas do seu dia para se dedicar aos seus estudos e evitar perdas em sua aprendizagem.

Se não for usar desligue o smartphone e a TV e só utilize o computador para pesquisas extremamente necessárias. Durante as horas em que precisa se concentrar não se esqueça de avisar à sua família que aquele é o seu horário de estudos e que você não deve ser incomodado.

 9- Estabeleça metas a serem cumpridas

Esse hábito ajuda a manter a organização e serve como motivação. Quando você completa suas metas, se sente movido a seguir estudando mais e mais.

O importante é que essas metas sejam realistas à sua rotina e às suas limitações. Não adianta tentar estudar 12 horas por dia se você não consegue se manter concentrado nem por 2 horas.

E, se perceber que o seu plano não está apresentando rendimentos, mude-o. Observe quais são as suas principais dificuldades e tente adaptá-lo de uma forma que você consiga superá-las e cumprir os seus objetivos de forma realmente produtiva.

 10- Mantenha-se motivado e desenvolva a autonomia

Para cumprir as metas estabelecidas, manter-se motivado é crucial para que, ao longo dos dias, você não desista daquilo que estabeleceu cumprir.

Não adianta chegar do trabalho ou da escola depois de um dia cansativo e partir diretamente para os livros. Mesmo que você se dedique por horas e horas ao estudo, dificilmente conseguirá absorver aquele conteúdo se não estiver motivado.

Antes de começar, tome um banho, coma algo leve e se dedique inteiramente ao que estiver fazendo.

E o mais importante: não deixe de estudar. Até mesmo nos dias em que a sua motivação não ajudar, se dedique a fazer uma revisão de determinado conteúdo ou à leitura de textos mais leves. Motivação não é apenas um estado de espírito, e sim um hábito.

Outro fator de destaque e a autonomia que é uma característica muito importante a ser desenvolvida por quem decide estudar em casa.

Ela ajuda a manter o estudante esforçado, curioso e em constante aperfeiçoamento, seja por meio da busca exaustiva pelo conhecimento ou pela interação professores e colegas que estejam inseridos em seu processo de aprendizagem. 

Dessa forma, habitue-se a tirar as suas dúvidas, busque realizar com excelência as atividades às quais se propuser e vá além do conhecimento oferecido pelos materiais que tiver em mãos, aprofundando sempre mais os seus estudos em prol do seu objetivo.

Afinal, o que definirá o sucesso do estudante é o seu grau de comprometimento com a sua formação.

Sucesso a todos!

 

 

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AULA DIA 01-06 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO

GLOBALIZAÇÃO E MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS

A globalização é compreendida como uma integração internacional, onde os países tiveram uma proximidade bastante expressiva, principalmente em razão da facilidade de comunicação dos tempos atuais, fator tecnológico. E migração internacional consiste na troca de países que as pessoas fazem ao longo da história, já que isso não é algo característico dos dias de hoje, mas sim da formação histórica do mundo.
A ideia deste texto é buscar compreender o paralelo existente entre esses dois fatores, uma vez que no mundo contemporâneo não se pode dizer que eles não estão correlacionados.
Globalização

A globalização é um processo de integração internacional, que engloba aspectos dá área econômica, social, política e cultural, permitindo redução dos custos de comunicação e de mobilidade entre os diferentes países, superando as linhas de fronteiriças.
Alguns autores argumentam que essa ideia de globalização nasce nos tempos modernos, outros acreditam que a globalização é algo que nasce há muitos séculos passados. Mas a globalização tem, sem dúvida, um destaque e um formato diferente no final do século XX e início do século XXI, muito em razão da tecnologia e da facilidade de comunicação.
Nos anos 2000, o Fundo Monetário Internacional (FMI) identificou quatro aspectos da globalização, são eles: o comércio exterior; movimentos de capitais; migração; disseminação de conhecimento e tecnologia.
A tecnologia tem sido o principal motor da globalização nos tempos modernos, de modo que os avanços na tecnologia da informação é uma ferramenta de muito valor para que os agentes econômicos possam identificar as oportunidades de negócios, a partir de uma análise das tendências e transferência de ativos.
Migração Internacional
Migrar é o ato de mudar de residência, seja a região, cidade, estado ou país. Este último corresponde à migração internacional, quando por algum motivo a pessoa deixa o país que se encontra, que pode não ser o seu país de origem, e vai vier em outro país.
As migrações internacionais não são um fator recente da sociedade moderna ou contemporânea, a verdade é que há muito tempo se fala disto. Exemplificando, na América Latina faz parte da formação histórica da região, uma vez que há vários séculos passados ​​houve a colonização por países europeus (Portugal, Espanha e França) e tiveram uma enorme migração para às colônias. Ainda assim, vieram para a América não apenas os povos dos colonizadores, mas também de outros países, como a Itália, Alemanha e Japão.
Uma das mais antigas características do ser humano é a sua capacidade de locomoção.
Assim, resta demonstrado que a migração internacional é um fator já bastante conhecido na história mundial, uma vez que faz parte da formação de muitas nações.
De acordo com Wagner de Cerqueira e Francisco, são diversos os fatores que contribuem para a migração internacional, quais são: guerras; desastres ambientais; perseguições culturais, étnica ou política; estudos e trabalhos para melhores condições de vida, etc. Sendo a principal razão para as migrações internacionais é o fator econômico.
É possível observar nos tempos atuais uma forte migração internacional dos povos do Oriente Médio que tem como razão principal os conflitos instaurados em seus países. Este exemplo tem uma representação grande no número de migrantes atualmente e não tem como motivo maior o fator econômico.
De qualquer forma, as migrações internacionais sempre causam impacto aos países de onde as pessoas saem e nos países nos quais as pessoas chegam. Para ilustrar o primeiro ponto observa-se o que está acontecendo atualmente no Brasil: em razão da crise que afeta o país muitas pessoas com boa qualificação estão deixando o Brasil para buscar novas oportunidades em outros países, isso significa uma perda de mão de obra qualificada para o país emergente. Embora não seja algo tão sentido no momento, são os maiores números desse tipo de migração ocorrida, que a largo tempo, se assim continuar, pode trazer problemas para o Brasil.
De outro lado há os impactos ocorridos nos países que recebem estes imigrantes, nos quais pode ter um impacto positivo quando o país necessita de mão de obra e a mesma chega para suprir essa necessidade. Mas por outro lado podem surgir altos indicies de desempregos em países que não tem estrutura para receber estas pessoas, de maneira que alguns países adotam políticas para conter a chegada destes migrantes.
Segundo ONU (Organização das Nações Unidas), em 2015 foi alcançado ou o número de 244 milhões de migrantes internacionais, representando um aumento de 41% em comparação com os anos 2000. De modo que 20 milhões são refugiados.
A mesma reportagem relata que, em 2015, 3,8% da população da população mundial estava representada por migrantes internacionais. Ainda assim, destacava diferenças entre algumas regiões do globo: na Europa, América do Norte e Oceania os migrantes representam pelo menos 10% da população, por outro lado, na África, América Latina, Ásia e Caribe menos de 2% são representados por estrangeiros.
Assim, não resta dúvida quanto às migrações internacionais fazem parte da vida contemporânea, uma vez que estão espalhados ao redor do globo, seja por aqueles que se vão ou por aqueles que chegam. De alguma maneira em todos os cantos do planeta é possível observar este fenômeno.

O mundo contemporâneo da globalização e migração internacional

Como foi observado anteriormente, a migração internacional não é algo recente, tampouco é exclusivo da sociedade contemporânea. Ainda assim, é uma característica fundamental da era globalizada, uma vez que tornou muito mais fácil a mobilidade social.
A globalização trouxe com ela uma grande facilidade de comunicação, de maneira que facilmente o mundo todo se mantenha em constante comunicação. Outro fator importante é a facilidade de informação, que está conectado a facilidade de comunicação, já que a informação do que ocorre em outras partes do mundo, em tempo real, foi fundamental para atrair mais pessoas à migração.
Cada vez mais nos dias atuais as pessoas são educadas em duas ou mais línguas, isto é, essas pessoas são preparadas para um mundo globalizado, onde tudo se torna mais palpável. O que acaba por retirando uma das grandes dificuldades de mudança de país, que é a língua.
Outro fator que deve ser observado é a facilidade de locomoção. Anteriormente foi citado como um exemplo de migração internacional a colonização da América Latina pelos povos europeus, em tempos que para mudar de país se fazia necessário ficar em um navio por um longo tempo. Muitas vezes a viagem durava mais de 30 dias, e os viajantes permaneciam em condições muito ruins de acomodação.
Mas tudo isso mudou em tempos de globalização. Atualmente para mudar de país é necessário algumas horas de viagem por via aérea, e elas têm preços cada vez mais acessíveis.
Inquestionavelmente as migrações internacionais têm se tornado mais fácies e práticas após o grande salto da globalização, com a capacidade de aproximar distâncias.
Por outro lado, é uma característica muito importante da globalização a mobilidade social, ainda que não seja para mudar de residência, mas a facilidade para fazer viagens, intercâmbio, negócios, etc.
Conclusão
Foi possível observar que a migração internacional, que é intrínseca à história da humanidade, está bastante ligada à globalização, o que para alguns autores é algo da sociedade moderna.
Mas nos dias atuais esses fatores são muito expressivos e têm grande influência sobre o cotidiano das pessoas, interferem diretamente sobre politicas dos Estados e suas economias.
Sem dúvida, a mobilidade social é uma característica dos tempos atuais que não deve desaparecer com o passar dos anos. Ao contrário, deve ser algo a se expandir cada vez mais, integrando os quatro cantos do planeta.
Comunicação é uma palavra que representa bem estes fatores: globalização e migrações internacionais. Uma vez que nos dias de hoje tudo isso se coloca tão próximo e intrínseco a sociedade em razão da facilidade de comunicação.

Fuga de cérebros

A expressão “fuga de cérebros” faz referência aos profissionais especializados em áreas do mercado de trabalho dotados de um alto conhecimento em seu campo profissional, e que migram de países pobres ou com poucas oportunidades laborais para centros mais desenvolvidos que carecem de suas habilidades.
Aqueles mais especializados em suas áreas, são assim, atraídos por trabalhos no estrangeiro, tendo melhor remuneração, benefícios e reconhecimento, e ao mesmo tempo a oportunidade de desenvolver pesquisas, tecnologias e outras coisas para o país contratante. Os Estados Unidos, por exemplo, são grandes captadores de cérebros, mesmo tendo um grande número deles em seu território. Sua constante atração dos melhores pesquisadores do mundo tem como objetivo o desenvolvimento de novas tecnologias que possam ser  patenteadas pelos próprios norte-americanos, acumulando assim um crescente monopólio em vários segmentos. Essa é a razão fundamental de as inovações “começarem” nos EUA, sendo que, na verdade, muitas delas foram concebidas por indianos, árabes, europeus destacadamente especializados e capacitados. O Vale do Silício, localizado na Califórnia, região que engloba várias cidades, como Campbell, Saratoga e Fremont (são 16 no total) é um exemplo perfeito deste fenômeno, pois grande parte dos pesquisadores de lá não são americanos.
Já o país que perde tais cérebros perde ao mesmo tempo um grande potencial de inovações, desenvolvidas por seus nacionais, mas para uma outra nação. Isso causa um enorme dano à economia e ao desenvolvimento de países pobres, que carecem desses profissionais, e poderiam fazer um ótimo uso de seus conhecimentos. O Brasil, apesar de não ser um grande "fornecedor" destes cérebros, também sofre com o problema, em especial no setor de cinematografia e produção gráfica. Alguns dos grandes fenômenos de bilheteria de Hollywood estão recebendo cada vez mais a contribuição de profissionais brasileiros, com destaque para o que aconteceu no filme Matrix, considerado uma revolução cinematográfica. Outro exemplo é o desenho computadorizado A Era do Gelo I e II, sucessos de público.
Assim, o desafio de várias nações atualmente está em manter esses profissionais em seus próprios países, impedindo a tal "fuga de cérebros", danosa não só para o desenvolvimento de nações mais pobres, mas que contribui ainda para aumentar as desigualdades já abismais entre os vários povos do globo. É imprescindível a adoção de políticas que tornem o país "doador de cérebros" um atrativo pólo de inovações científicas e tecnológicas. No caso do Brasil, é flagrante a falta de conexão entre as universidades e o mercado de trabalho e indústrias em geral, realidade diferente do das economias desenvolvidas.
Tráfico Humano

O tráfico humano, também chamado de tráfico de pessoas, é uma das atividades ilegais que mais se expandiu no século XXI, pois, na busca por melhores condições de vida, muitas pessoas são ludibriadas por criminosos que oferecem empregos com alta remuneração. Esses “agentes” atuam em escala regional, nacional e internacional, privando a liberdade de indivíduos que sonham um futuro melhor.

De acordo com o Protocolo Adicional à Convenção das Nações Unidas contra o Crime Organizado Transnacional relativo à Prevenção, Repressão e Punição do Tráfico de Pessoas, em especial de Mulheres e Crianças, o tráfico humano é caracterizado como: “o recrutamento, o transporte, a transferência, o alojamento ou acolhimento de pessoas, recorrendo à ameaça ou uso da força ou outras formas de coação, ao rapto, à fraude, ao engano, ao abuso de autoridade ou à situação de vulnerabilidade ou à entrega ou aceitação de pagamentos ou benefícios para obter o consentimento de uma pessoa que tenha autoridade sobre outra para fins de exploração.”

Portanto, o tráfico de pessoas consiste no ato de comercializar, escravizar, explorar, privar vidas, ou seja, é uma forma de violação dos direitos humanos. Normalmente, as vítimas são obrigadas a realizar trabalhos forçados sem qualquer tipo de remuneração – prostituição, serviços braçais, domésticos, em pequenas fábricas, entre outros –, além de algumas delas terem órgãos removidos e comercializados.

As vítimas já chegam endividadas ao destino de “trabalho”, pois elas têm que pagar aos traficantes valores elevadíssimos referentes à viagem, hospedagem, documentação, alimentação, roupas, etc. O problema é que essa dívida, através da cobrança de juros altos, toma proporções de forma que nunca poderá ser paga. Sendo assim, os criminosos passam a ameaçar e torturar os “devedores”.

As mulheres são o principal alvo, pois o retorno financeiro para os traficantes é maior, visto que a prostituição, atividade mais desenvolvida por pessoas do sexo feminino, é o destino de 79% das vítimas do tráfico humano. O trabalho forçado, exercido por homens, mulheres e crianças, representa 18%. Essa atividade movimenta cerca de 32 bilhões de dólares por ano, privando a vida de mais de 2,5 milhões de pessoas.

Tráfico humano: um crime aos direitos humanos






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AULA DIA 13-05 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO
XENOFOBIA


A xenofobia é a aversão e o preconceito contra pessoas estrangeiras ou de culturas diferentes.
Desde a Antiguidade, a xenofobia existe no mundo. Com as grandes navegações e a expansão marítima europeia, ela passou a aumentar devido ao contato cada vez maior entre pessoas de culturas e nacionalidades diferentes.
No século XX, a globalização e os altos movimentos migratórios revelaram uma realidade cruel: a das pessoas que migram e são hostilizadas pelas suas origens.
Origem do Termo
Inicialmente, o termo “xenofobia” foi incorporado aos estudos da psicologia com o intuito de nomear um transtorno psiquiátrico de pessoas que sofrem com o medo excessivo aos estrangeiros.
Para o filósofo grego Sócrates (469 a.C-399 a.C.) o conceito de “estrangeiro” não existe:
“Não sou nem ateniense, nem grego, mas sim um cidadão do mundo”.
Sócrates define assim alguém que abdica de sua nacionalidade e pensa na humanidade como um todo, não importando com a cultura, religião, costume, tradições, raça, etc.
Do grego, o termo "xenofobia" é formado por dois termos: “xénos” (estrangeiro, estranho ou diferente) e “phóbos”, (medo), que corresponde literalmente, "o medo do diferente".

O que é xenofobia?
A palavra xenofobia originou-se das palavras gregas xénos (medo, aversão) e phóbos (estranho, estrangeiro). Resumidamente, a xenofobia é uma forma de preconceito contra pessoas de outras origens nacionais e de outras culturas.
Pode-se identificar a xenofobia entre pessoas de um país que desenvolvem aversão a imigrantes de outros países, ou até mesmo dentro de um país onde há um fluxo migratório de pessoas de regiões diferentes.
A xenofobia é um mal que ainda atinge o mundo contemporâneo.

A xenofobia pode ser expressa por ataques, como agressões físicas e verbais, mas também de maneira mais silenciosa, quando o preconceito é expresso por falas que, de alguma forma, menosprezem os estrangeiros. A xenofobia está sendo mais exposta no século XXI devido ao avanço da informação e das redes sociais. No entanto, ela é quase tão antiga quanto a humanidade.
Se pegarmos o exemplo dos povos de origem semita, temos os judeus como vítimas históricas da xenofobia na Europa, o que culminou no holocausto, que foi a morte de milhões deles em campos de concentração nazistas durante parte da Segunda Guerra Mundial.
Hoje, depois que o mundo abriu os olhos para a situação judaica após os terríveis acontecimentos da década de 1940, outros povos de origem semita sofrem com a xenofobia: árabes, palestinos e outros povos majoritariamente islâmicos. A intensa migração de muçulmanos oriundos do Irã, Iraque, Síria, Afeganistão, e de outros países do Oriente Médio que sofrem por conflitos armados, tem revelado o preconceito xenofóbico dos ocidentais contra esses indivíduos.

Xenofobia e racismo

O preconceito racial, ou racismo, é também um mal que o mundo contemporâneo ainda enfrenta e precisa acabar. É comum que, por trás dos casos de xenofobia, haja também o racismo implícito, pois a origem nacional de uma pessoa implica, muitas vezes, uma etnia diferente. Inclusive, fica difícil determinar até onde o preconceito xenofóbico existe por conta própria ou baseado no racismo.
Quando o racismo e a xenofobia estão ligados, o que predomina para a construção de um preconceito é a etnia. É comum, por exemplo, a migração de europeus de um país para outro dentro do continente, sem que haja preconceito xenofóbico, quando se trata de pessoas brancas que deixam seus países. A situação muda quando se trata de negros europeus que migram ou negros migrantes de outros continentes.
Em geral, podemos dizer que a maior motivadora da xenofobia é, ao lado da questão cultural, a questão racial. Racismo e xenofobia estão, portanto, intimamente ligados.

A xenofobia é uma forma de exclusão social.

Exemplos de xenofobia
Assim como o racismo, a xenofobia pode ser expressa de maneira direta (com ataques e agressões) ou de maneira sutil. Quando há uma agressão, seja verbal, seja física, que tenha como motivo a questão da origem nacional ou regional, temos os casos mais evidentes de xenofobia. No entanto, ações sutis das pessoas podem evidenciar um tipo de preconceito xenofóbico menos perceptível.
Esse tipo de preconceito pode ser percebido em piadas que não sejam feitas com a presença de uma pessoa estrangeira ou com ações — como vigilância constante de pessoas de outras etnias em estabelecimentos públicos e até a recusa de vaga de emprego a um estrangeiro devidamente qualificado pelo fato de ele ser estrangeiro. Para aprofundar-se mais nessa questão, acesse: racismo.

Xenofobia no Mundo

Na América, os Estados Unidos é considerado um dos países mais xenófobos, de forma que dificulta a entrada de imigrantes no país, sobretudo, de mexicanos e dos latinos em geral.
Importante salientar que as migrações do século XXI, diferentemente do século anterior, estão pautadas na busca de novas oportunidades em que o estrangeiro fixa-se no país de destino.
Isso ocorre, em maior parte, nos países do hemisfério norte que recebem imigrantes vindos do hemisfério sul em busca de trabalho e melhores condições de vida.
O imigrante pode ser coagido por diferentes atitudes hostis dos discriminadores, desde desrespeito às suas crenças, hábitos, sotaques, aparência física, condições socioeconômicas, etc.
Estudos recentes apontam que a Europa tem se destacado no tema da xenofobia, onde esta é considerado crime e violação dos Direitos Humanos. Ocorrem ali ainda muitos casos de discriminação, (mesmo entre os europeus), sendo alguns dos alvos de atos xenófobos os imigrantes asiáticos, africanos e latinos.

Xenofobia no Brasil

Apesar da amplitude da formação étnica do Brasil, onde a maioria da população é descendente de índios, brancos europeus e africanos, tendo inclusos descendentes de muçulmanos, judeus e orientais, a xenofobia vem crescendo em nosso país. Além dos casos de preconceito xenofóbico contra estrangeiros, vivenciamos ainda o preconceito praticado por pessoas do eixo centro–sul (regiões Sudeste e Sul) contra pessoas do eixo norte (regiões Nordeste e Norte).
Ideais de extrema direita, que carregam consigo o racismo e a xenofobia, têm crescido e deixado a marca xenofóbica em parte da população brasileira, sobretudo sobre os brancos descendentes de europeus. Existem, na região Sudeste (sobretudo em São Paulo), grupos neonazistas, como os Skinheads e os Carecas do ABC, que se assumem enquanto entidades anti-imigração e destilam o ódio contra estrangeiros, nordestinos e nortistas, negros, indígenas, homossexuais, judeus e muçulmanos.
Quando percebemos a atuação, por décadas, de grupos como esses e os índices de imigração para o Brasil que vem aumentando, principalmente a imigração de venezuelanos, africanos e muçulmanos do Oriente Médio, entendemos o quanto a situação é preocupante.
Um fenômeno parecido com o que acontece na Europa tem interferido no funcionamento político e social de nosso país: o crescimento de uma ideologia de direita extremista, com traços racistas e xenófobos. Esse fator, aliado ao crescente número de imigrantes e refugiados (principalmente africanos, sírios e venezuelanos), tem despertado a ira de certo setor da população que não aceita pessoas estrangeiras em seu território.
No entanto, uma marca profunda da xenofobia brasileira é a seleção dos migrantes cultural e etnicamente rejeitados. Enquanto há uma boa recepção de judeus, orientais e europeus, as populações indígenas nativas de outros países, as populações negras e os muçulmanos são rejeitados. Essa marca é mais uma evidência da aliança estreita entre racismo e xenofobia.

Xenofobia na Europa

Nos últimos anos, uma grande quantidade de imigrantes tem chegado à Europa. Oriundos principalmente da África e da Síria, por conta de conflitos geopolíticos e da fome, os migrantes tentam entrar de maneira ilegal nas fronteiras europeias, principalmente pelo mar.
A xenofobia na Europa conta com uma antiga história que se iniciou ainda na Idade Média, com a perseguição de judeus e muçulmanos pela Igreja Católica. O antissemitismo manteve-se por séculos, até que chegou ao seu ápice durante a Segunda Guerra Mundial, com o holocausto nazista, em que mais de seis milhões de judeus foram mortos em campos de concentração.
Apesar de medidas para prevenir um novo holocausto tomadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), entre elas a promulgação da Declaração Universal dos Direitos Humanos, a xenofobia persistiu na Europa e vem intensificando-se nos últimos anos.
A relativa proximidade entre locais de conflitos sociais e armados na África e no Oriente Médio com grandes centros urbanos europeus tem feito com que populações das zonas de conflito busquem refúgio nas cidades europeias. A legítima migração, no entanto, tem despertado o sentimento xenofóbico de grande parte da população europeia que credita nos imigrantes a conta da violência e da crise econômica de seus países.
O resultado disso tem sido negativo. Ataques e agressões motivadas por xenofobia, além da ascensão de grupos neonazistas, têm tomado conta dos noticiários europeus e evidenciado que esse grave problema ainda é fortemente presente no continente.

Quais são os fatores de risco que promovem a xenofobia?

Se na teoria somos uma sociedade tão avançada, por que os casos de xenofobia aumentam constantemente? Talvez a situação atual de incerteza em que vivemos contribua para isso. Já houve várias ameaças terroristas que vimos se materializar perto de nós praticadas por pessoas de outras origens. O fato de existir esse fator comum vinculado a ataques e agressões faz com que ele seja um gatilho para a xenofobia.
O contexto em que vivemos atualmente nos mantém alertas, com ansiedade e medo, preparados para fugir ou atacar. Isto nos faz procurar culpados por esse mal-estar e essa insegurança que vivemos no nosso dia a dia. E a quem tudo isso é atribuído? Aqueles que são diferentes de nós.
Além disso, costumamos nos afastar dessas pessoas. A falta de contato direto com pessoas de outras culturas impossibilita comparar (e eliminar) essas ideias infundadas que temos sobre o perigo que podem representar. Dessa forma, este é outro fator de risco importante para o desenvolvimento da xenofobia.
“Devemos aprender a viver juntos como irmãos ou sucumbir juntos como tolos”.
– Martin Luther King Jr. –

Como prevenir a xenofobia?
Podemos facilmente deduzir que o primeiro passo para prevenir a xenofobia seria se aproximar e conversar com os estrangeiros, mergulhando e aprendendo sobre as outras culturas. Isso nos ajudará a empatizar com eles e entender que são pessoas comuns, que não são tão diferentes de nós e, claro, a maioria não são terroristas que procuram destruir as nossas vidas. Além disso, nos emocionaremos ao conhecer a sua história e os desafios que enfrentam como comunidade.
A verdade é que não paramos para pensar no que leva uma pessoa a sair do seu lugar de origem, colocando a sua vida em jogo. Se ela estivesse bem, certamente não teria embarcado em uma jornada tão difícil, sacrificando o contato com a sua terra natal e a sua família, para viver uma aventura com mais nuances perigosas do que excitantes. Elas colocam seus entes queridos e a si mesmas em perigo porque a opção de permanecer onde estavam seria, na maioria dos casos, morte certa.
É importante que sejam realizados pelas instituições governamentais programas de integração verdadeiramente efetivos, onde os cidadãos comuns realmente conheçam as pessoas que vêm de fora e haja profissionais que possam intervir se surgir algum conflito. Para concluir, é importante que sejam transmitidas informações verdadeiras sobre essa situação, sem interesses políticos secretos que estimulem o medo e o ódio.



“Ninguém nasce odiando a outra pessoa por causa da cor da sua pele, da sua origem ou religião”.
– Nelson Mandela –










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AULA DIA 06-05 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO

POPULAÇÃO DE REFUGIADOS NO MUNDO

O número de refugiados no mundo aumenta a cada ano. Os principais problemas estão relacionados com conflitos políticos e situações de guerrilhas.
Um dos principais problemas, em termos populacionais e a nível global, é a questão dos refugiados. O conceito de refugiado foi regulado pela Organização das Nações Unidas por meio da Convenção das Nações Unidas sobre o Estatuto dos Refugiados, realizada em 1951 e adotada em 1954.
Segundo a ONU, na convenção em questão, para ser considerada refugiada, a pessoa precisa declarar que se sente perseguida pelo Estado de sua nacionalidade por razões de raça, religião, nacionalidade, grupo social ou opiniões políticas; que se ausentou de seu país em virtude desses termos ou que não consegue a proteção do poder público pelas mesmas razões.
No entanto, é válido ressaltar que uma pessoa deixa de ser considerada refugiada se as condições de perseguição ou temor reverterem-se ou se tornarem injustificadas em função de mudanças políticas ou se, voluntariamente, o refugiado voltar para o país ao qual pertence a sua nacionalidade para fins de residência. Aqueles refugiados que adquirem uma nova nacionalidade, gozando da proteção desta, também não poderão ser mais considerados oficialmente como tais.
Existem vários tipos de refugiados no mundo, alguns por condições de perseguição política, outros pela existência de conflitos armados e guerrilhas, além daqueles que sofrem com a fome, discriminação racial, social ou religiosa e até os refugiados ambientais, entre muitos outros tipos.
Os dados divulgados pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) revelam um drama crescente: em razão dos conflitos nacionais existentes em várias partes do mundo, o número de refugiados vem aumentando exponencialmente. Em 2014, esse número chegou a incríveis 59,5 milhões de pessoas, cerca de 22 milhões a mais em comparação com a década anterior. Outro dado alarmante é que mais da metade desses refugiados é menor de idade.
Os principais conflitos atuais que elevam o número de refugiados estão na África e na Ásia, destacando-se, nessa última, o Oriente Médio. Entre esses conflitos, podemos enumerar:
África – oito conflitos: Costa do Marfim, República Centro-Africana, Líbia, Mali, norte da Nigéria, República Democrática do Congo, Sudão do Sul e Burundi;
Oriente Médio – quatro conflitos: Síria, Iraque, Afeganistão e Iêmen;
Europa – um conflito: Ucrânia;
Ásia – três conflitos: Quirguistão, Mianmar e Paquistão.


Refugiados sírios deslocando-se para fora do país na fronteira com a Turquia em 2011*

É importante ressaltar que praticamente todos os países produzem refugiados todos os anos. Os casos acima enumerados são os principais deles e estão relacionados com conflitos que geram muitas vítimas e uma série de impactos sociais diretos e indiretos. Por isso, essas áreas são as que geram mais preocupação não só pela evasão da população, mas também pela série de violações aos direitos humanos que lá ocorrem.
Uma característica marcante da questão dos refugiados no mundo é o fato de a maioria deles – cerca de 86% – deslocar-se em direção aos países emergentes do sul, e não para a Europa e para os Estados Unidos, principais destinos migratórios da atualidade. A razão para isso é a maior permissividade que os países menos desenvolvidos possuem e, também, o elevado protecionismo dos países desenvolvidos, principalmente na União Europeia, que impõe pesadas medidas de restrições a imigrantes ilegais e também a refugiados.
O Brasil recebe um alto número de refugiados, um valor que atingiu 7,7 mil pessoas em 2015, segundo o Conare (Comitê Nacional para Refugiados). Desse total, avalia-se que 25% são mulheres e, em termos de nacionalidade, a maior parte é composta por sírios, com cerca de 23% do total, em razão do conflito entre as forças rebeldes e o ditador Bashar Al-Assad no país. Além disso, destacam-se também os colombianos, os angolanos, os haitianos e os congoleses. Em termos constitucionais, o Governo Federal deve cuidar para receber e resolver os problemas relativos às questões de refugiados no Brasil, principalmente no âmbito da legalização.
A questão dos refugiados no mundo ganha contornos dramáticos, pois, além dos problemas severos que abrangem as suas áreas de origem, ainda existem os problemas que esses migrantes encontram nos locais para onde se deslocam. Entre esses problemas, destacam-se as diferenças culturais, as dificuldades com idiomas, a busca por emprego e, principalmente, a xenofobia (aversão a estrangeiros) praticada pela população residente das áreas de destino.

Crise dos refugiados

A crise dos refugiados tem sido debatida de forma extensiva na mídia atual. Os refugiados são pessoas que saíram de maneira forçada de seus países para buscarem refúgio e uma oportunidade de restruturação de suas vidas em outros países. O que força a saída dessas pessoas de seus locais de origem são conflitos armados e conflitos políticos, causando a necessidade do asilo.
Os refugiados encontram muita dificuldade para restabelecer-se em outros locais, além do que muitos deles não conseguem legalizar a sua situação no novo país com facilidade, vivendo como apátridas e, às vezes, na clandestinidade.

O refúgio é uma grande preocupação da ONU, que tem uma agência especial para oferecer ajuda humanitária aos refugiados no mundo.

Imigração e crise dos refugiados

Os refugiados são imigrantes, mas nem todo imigrante é um refugiado. As pessoas que saem de seus locais de origem por questões sociais e econômicas, e por livre e espontânea vontade, são imigrantes. Os refugiados são forçados à migração por sofrerem iminente risco de morte e perseguições, por diversas causas, em seus locais de origem, geralmente devastados por conflitos armados ou dominados por organizações criminosas.
A Organização das Nações Unidas (ONU) já considera a crise dos refugiados a crise humanitária mais intensa do século. Em 2016, o volume total de pessoas que havia caído na condição de refugiado chegou a 65,6 milhões. A própria ONU estima que a última crise migratória de tamanha proporção deu-se durante a Segunda Guerra Mundial.
Dados de 2016 levantados pela ONU indicavam que 3/4 da população síria necessitavam de ajuda humanitária por estarem em condição de refugiados. A Síria foi o centro do problema por ter eclodido lá uma guerra entre entidades oficiais do governo representadas pelo exército sírio e uma organização terrorista paramilitar chamada Estado Islâmico.
A guerra civil na Síria forçou a saída de mais de cinco milhões de sírios de seu território natal.

A crise dos refugiados decorreu e ainda decorre do grande número de imigrantes, principalmente de origem síria, que se deslocou em massa para a Europa, através do Mar Mediterrâneo, de forma precária e com embarcações inseguras. Isso gerou, a priori, um crescimento demográfico intenso e rápido da região próxima ao mar e depois de outras partes do continente, causando, dessa forma, repulsa dos europeus, que se baseiam em discursos xenofóbicos, além dos que alegam que os imigrantes roubam os empregos dos cidadãos, entre outros.
Além da Síria, países africanos, como o Congo, o Sudão e a Nigéria, sofrem com conflitos políticos que geram o refúgio. Ainda no Oriente Médio, o Afeganistão é um país com conflitos que envia, hoje, a segunda maior quantia de refugiados para o mundo. Aqui na América do Sul, a crise na Venezuela também tem colocado os cidadãos venezuelanos em situação semelhante.

Causas da crise dos refugiados

O refúgio é causado, geralmente, por guerras. No entanto, não somente guerras mas conflitos de ordem política também colocam a pessoa na situação do refúgio. Muitos cidadãos fogem de seus países porque são ameaçados por organizações criminosas que dominam o cenário político local. Outros fogem porque perdem tudo na guerra e a situação do país impede a reconstrução de suas vidas.
No caso da Venezuela, há uma crise que coloca os cidadãos em necessidade de ajuda humanitária, pois a fome, o desemprego e a instabilidade econômica afetam drasticamente a população venezuelana pobre. Os conflitos políticos e perseguições ideológicas também acontecem por lá.

Consequências da crise dos refugiados

As consequências, em geral, do refúgio são sentidas nos países que abrigam os refugiados. Geralmente, quando há uma leva repentina e grande de fluxo migratório para um local, ocorre o fenômeno que a geografia chama de “explosão demográfica”. A explosão demográfica afeta diretamente a economia e as relações sociais, pois ela acarreta uma cadeia de eventos que podem ser desastrosos, como demostramos nos tópicos seguintes:
Há uma grande e repentina quantidade de pessoas migrando para um mesmo local;
Não há infraestrutura nesse local para receber essas pessoas, fazendo com que o acesso à saúde, ao saneamento, à segurança e à educação fique comprometido;
Não há emprego e geração de renda para todos, pois o aumento populacional aconteceu de repente;
A fome e a miséria instalam-se entre a população migrante e até entre a população local, pois a falta de emprego começa a afetar os moradores locais;
Há o aumento da criminalidade pela falta de estrutura e de organização.
Esse ciclo vicioso tende a manter-se se não houver esforços conjuntos dos governos, da iniciativa privada, de ONGs e até mesmo da população local para o acolhimento dos refugiados. Nesse sentido, apesar do dispêndio de energia, recursos e dinheiro gastos para receber os refugiados, o sacrifício é mais que necessário por uma questão humanitária.
Quando uma pessoa se sujeita ao refúgio, ela o faz porque não há outra opção, pois a permanência no seu local de origem representa um risco iminente à sua vida e à vida de sua família. Muitas famílias de refugiados, inclusive, são pertencentes a uma classe média em seus locais, tendo moradia garantida, negócios, bons empregos e uma vida digna, até que se inicie um conflito tão perigoso a ponto de fazer com que elas abandonem tudo o que construíram por medo e desespero.

Quando os refugiados e imigrantes em geral não são acolhidos e inseridos na sociedade, eles podem acabar vivendo nas ruas ou caindo na criminalidade.

Pensar como um cidadão global, ter senso de humanidade e prezar pelos direitos básicos (vida, liberdade e dignidade), hoje, implica perceber que quando o outro precisa de nossa ajuda, mesmo que o outro seja estrangeiro, é necessário que nos esforcemos para ajudá-lo.
Outra perspectiva possível para defender a ajuda humanitária é pensar em nosso amanhã. Nenhum país e nenhuma cidade do mundo estão tão imunes a conflitos que não possam cair em uma guerra civil ou militar, à dominação por organizações criminosas ou a sofrerem com a falta de recursos no futuro. Se isso nos acontecer amanhã, talvez estejamos sujeitados a cair na condição de refugiados como acontece hoje com sírios, congoleses, afegãos, nigerianos, sudaneses, venezuelanos, cidadãos do leste europeu e de outras nacionalidades. 
O acolhimento e o tratamento com respeito e dignidade são a melhor saída para que o mundo supere essa crise.









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AULA DIA 29-04 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO

MIGRAÇÕES INTERNACIONAIS E OS NOVOS FLUXOS MIGRATÓRIOS

Para que a gente possa debater sobre os principais fluxos de migrações internacionais e novos fluxos migratórios precisamos estar com os conceitos bem definidos em mente.
Imigração: entrada/chegada;
Emigração: saída/ida;
Transumância: deslocamento sazonal, ou seja, por um período;
Êxodo rural: saída em massa do campo/permanente;
Movimento pendular: deslocamento diário em função de trabalho, estudo;
Deslocamento compulsório: saída forçada.

Século XVI ao XIX
Os principais fluxos migratórios desse período estão associados à colonização das Américas. Assim, o deslocamento de europeus e africanos (como mão de obra escrava) para as colônias americanas é bastante intenso nessa época.


Século XIX ao XX (década de 1950)
Como a prova do ENEM exige de você conhecimento e habilidades, é preciso associar os contextos históricos com os fluxos de migrações internacionais e novos fluxos migratórios. Por isso, sabemos que durante o século XIX a Europa vinha passando por vários conflitos, sobretudo, causados pelo período de unificação, quando estava se formando os Estados nacionais. Após as unificações, houve também o período das duas guerras mundiais.

E se está tendo algum tipo de conflito não é legal ficar no meio, não é mesmo? Isso faz com que as pessoas se desloquem no espaço, por esse motivo, elas migram.
Para além disso, a população europeia se encontrava em um boom demográfico, ou seja, a população crescia muito, estava numerosa. Contudo, a alta falta de emprego, ocasionada, principalmente, pelos conflitos e guerras afetou o status da explosão demográfica, que a população vinha passando, gerando mais um fator de deslocamento.
Os principais destinos que recorriam eram as colônias asiáticas e africanas (lembrem também que nesse período a Ásia e a África foram repartidas pelo imperialismo).

Década de 1950 até 1970
Sabemos que com o final da Segunda Guerra Mundial veio a Guerra Fria. Nesse período a Europa se encontrava física e economicamente destruída. Logo, enfraquecida para controlar suas colônias. Tal fato favoreceu a independência das colônias.
Assim, temos um grande fluxo de retorno para a Europa.

Década de 1970 até hoje
Atualmente, um grande fluxo de migração internacional é a saída de pessoas dos países periféricos para os países centrais, em busca de melhores condições de vida, como oportunidades de emprego, educação, maior segurança e estabilidade.

Fluxo anual de migrantes
A migração sul-sul, entre os países periférico também é significativa e percebemos que os países emergentes polarizam tais fluxos. Conflitos locais, guerras civis, instabilidade política e financeira são fatores repulsivos. Exemplos:
– Bolívia, Venezuela para o Brasil
– Países da África central para a África do Sul

Por fim, temos a saída de pessoas qualificadas dos países periféricos para os centrais. Chamamos esse fluxo de fuga ou migração de cérebros, pois se trata de uma pequena parcela da população.

Crise dos Refugiados

Após o período de Primavera Árabe, diversos países do mundo árabe ficaram instáveis politicamente e ascenderam conflitos locais por disputas de território. Um caso que perdura até hoje é o da Síria.
Essa grande instabilidade provoca um deslocamento compulsório da população, que necessita se refugiar em outro país.
Segundo a ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) refugiados “são pessoas que estão fora de seu país de origem devido a fundados temores de perseguição relacionados a questões de raça, religião, nacionalidade, pertencimento a um determinado grupo social ou opinião política, como também devido à grave e generalizada violação de direitos humanos e conflitos humanos”.

Consequências
O imigrante enfrenta diversas adversidades em seu destino, a começar pela adaptação de um novo lugar, cultura, língua, costumes.
Entretanto, nem sempre o imigrante é bem recebido pela população local. A aversão ao estrangeiro denominamos de xenofobia. O discurso contra o imigrante é uma questão muito atual. Chegando em alguns casos de violência contra o estrangeiro.
Tal discurso, muita das vezes, alcança a esfera política e vemos, assim, argumentos defendendo a criação de barreiras, sobretudo físicas como os muros, e políticas governamentais para conter a chegada de imigrantes.
Muro entre EUA e México

Classificação dos fluxos migratórios
É possível, também, classificar os movimentos migratórios de diversas formas, levando-se em consideração os mais diferentes critérios. O mais comum deles é a forma que ele acontece no nível do controle (ou da ausência dele).
Desse modo, existem os movimentos voluntários, motivados por razões pessoais ou até afetivas dos migrantes; os movimentos forçados, quando o ato de migrar não é uma escolha, mas uma imposição, como em casos de diásporas (dispersão), escravidão ou perseguição; e os movimentos controlados, quando as migrações são controladas pelo poder público, seja por fatores demográficos ou estatísticos, seja por classes sociais ou por razões ideológicas.
Em 2009, a Organização das Nações Unidas divulgou alguns dados conclusivos a respeito dos fluxos migratórios pelo mundo em seu Relatório do Desenvolvimento Humano, divulgado pelo PNUD (Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento).
De acordo com esse documento, mais de 195 milhões de pessoas não residiam em seus países de origem, o que equivalia, na época, a quase 4% da população mundial.
Do total de migrantes existentes, segundo o mesmo relatório, mais da metade residia em países considerados desenvolvidos, de modo que boa parte do restante morava em países emergentes com alto grau de industrialização, que vêm recebendo o volume cada vez maior desses imigrantes em razão da crise que afetou o mundo desenvolvido em 2011.

Volume de imigrantes
O grande volume de migrantes é tratado, muitas vezes, como um problema de extrema urgência e relevância por parte de muitos países, principalmente os Estados Unidos e os membros da União Europeia.
Estima-se que cerca de 42% de todos os migrantes do mundo vão para os EUA, ao passo que 12,3% vão para a Rússia e 10,8% para a Alemanha. Em detrimento, os respectivos governos lançam pesadas medidas de restrição de imigrantes, que continuam entra em suas fronteiras de maneira ilegal.
O caso mais emblemático de protecionismo é o da fronteira entre os estadunidenses e mexicanos, onde foi construído um longo muro, com forte esquema de segurança em algumas áreas, para evitar a entrada de imigrantes latino-americanos.
No entanto, mesmo com essa barreira, um grande número de pessoas entram ilegalmente atravessando essa área sob as mais diversas formas e estratégias.

Fluxo migratório na Europa

A Europa recebe, todos os dias, inúmeras pessoas oriundas da África e do Oriente Médio, sendo o Mar Mediterrâneo uma das principais portas de entrada, ao mesmo tempo em que é um dos lugares onde mais se perdem vidas de pessoas que tentam mudar de país a fim de encontrarem melhores condições de vida.

Fluxo migratório no Brasil
O Brasil também vem recebendo um grande número de imigrantes, a maioria advinda de países que sofrem com graves convulsões políticas e econômicas, com destaque para o Haiti e, mais recentemente, da Síria. Outros territórios que enviam uma grande quantidade de pessoas ao nosso país são a Somália, o Congo e a Angola.
No caso dos haitianos, a principal porta de entrada nos últimos anos vem sendo a fronteira com a Bolívia, onde se encontra o estado do Acre. Após entrarem em território brasileiro, os imigrantes buscam áreas no país com maior industrialização e ofertas de emprego, como as capitais estaduais e a região sudeste como um todo.
Em muitos casos, os migrantes ajudam a estruturar a economia dos países para onde migram, ocupando uma grande quantidade de postos de trabalho e também realizando serviços a um custo menor do que a mão de obra local.

Imigrantes Ilegais

Além disso, muitos imigrantes, pelo fato de serem ilegais, aceitam trabalhar em regime de quase escravidão ou com salários muito baixos e nenhum direito trabalhista. Por outro lado, é bastante impactante na economia as remessas de dinheiro que essas pessoas enviam para suas famílias em seus países de origem.
Um outro importante ponto a ser destacado é a questão dos refugiados, aqueles migrantes que precisam abandonar às pressas seu território de origem por motivos de perseguição, existências de conflitos ou completa falta de condições de vida.
De acordo com a ONU, 7% dos migrantes internacionais são refugiados, com a maior parte oriunda da África e da Ásia.

Xenofobia
Não obstante, um dos mais graves problemas enfrentados no âmbito das migrações internacionais é a questão da xenofobia, que é a aversão ou preconceito praticado contra povos estrangeiros.
Esse problema é recorrente na Europa e nos Estados Unidos, mas também vem se manifestando no Brasil, quando, além da intolerância cultural, praticam-se ato de violência e repúdio contra os migrantes.
Em alguns casos, ONGs e militantes políticos acusam até mesmo os governos de praticarem medidas xenófobas, como a restrição violenta a imigrantes ou a sua sumária expulsão, entre outros casos.


 





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AULA DIA 22-04 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO


MIGRAÇÕES: CAUSAS E CONSEQUÊNCIAS PARA AS ECONOMIAS



 

A imigração data desde a milhares de anos com génese nos séculos XIX e XX. O processo de descoberta de novos continentes e terras permitiu o homem tirar proveito de tais situações. Depois da Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945) e com o processo da Revolução Industrial conjugado com a necessidade de expansão económica dos sectores como a Agricultura e a Indústria, a mão de obra passou a ser um factor sine qua non.
Destarte, o processo de migração ganha contornos nunca antes visto, iniciando a transferência da mão de obra de um continente ou país para outro, na sua maioria, de forma obrigatória.
De acordo o Organização Internacional para as Migrações (OIM) considera –se migração o movimento de população para o território de um Estado ou dentro do mesmo que abrange todo movimento de pessoas, seja qual for o tamanho, sua composição ou causas; inclui a migração de refugiados, pessoas deslocadas, pessoas desarraigadas, migrantes económicos.
Tal como relata o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), “aproximadamente 195 milhões de pessoas moram fora de seus países de origem, o equivalente a 3% da população mundial, sendo que cerca de 60% desses imigrantes residem em países ricos e industrializados. No entanto, em decorrência da estagnação económica oriunda de alguns países desenvolvidos, estima-se que, 60% das migrações ocorram entre países em desenvolvimento”.
O conflito e a insegurança que nos encontramos imbuídos ultimamente, têm originado uma onda de imigrantes sem precedentes para diversos países da Europa, concretamente: Espanha, França, Portugal, Itália e Grécia. Grande parte com origem em países em conflito, nomeadamente: Líbia, Síria, Nigéria, Somália, Eritreia, Bangladesh e Marrocos e outros países[1].
Causas da Migração
São várias as causas atribuídas a migração, com maior destaque para: políticas, económicas, religiosas, étnicas, naturais, socioculturais, turísticas e bélicas.

Políticas
O modelo político do país, a falta de liberdade de expressão, ausência de jornais privados e a coibição de alguns regimes políticos são factores que contribuem fortemente para a imigração de países aonde as liberdades fundamentais são mais eficazes e sobretudo respeitadas;
Económicas
O fraco crescimento das economias, acaba por se repercutir em diversos indicadores económicos como: taxas de inflação, taxas de juros e o desemprego, que corroboram para um débil desenvolvimento das economias.
Assistindo –se uma elevada densidade populacional que conduz a má remuneração dos empregos, contribuindo para elevados fluxos migratórios;
Religiosas
O combate e a estigmatização de grupos religiosos, a não aceitação de indivíduos que professam religiões distintas. Em grande parte dos países a intransigência religiosa tem originado muitas mortes, o exemplo prático são os considerados “extremistas religiosos”.
Étnicas
Geralmente são causadas por grupos ou comunidades com origens étnicas diferentes, que quando instalados numa determinada região ou área, acabam por expulsar os demais, que normalmente constituem a minoria.
Naturais
São normalmente, provocadas por secas, inundações, catástrofes, erupções vulcânicas ou outras intempéries de índole diversa. A população é obrigada a imigrar com o intuito de sobreviver.
Socioculturais
Acontece quando os cidadãos acabam imigrar para as grandes metrópoles por motivos de ordem cultural, aonde acabam por ficar pelo facto de favorecer o desenvolvimento da sua actividade: Estudantes, músicos, cientistas e artistas.
Turísticas
Acontecem quando os cidadãos viajam para um país como turistas, com o objetivo de passar as férias, ou conhecer novos locais, e acabam por permanecer e trabalhar.
Bélicas
Estão relacionadas com os conflitos armados e guerras civis que acabam por degradar grande parte das infraestruturas e o tecido produtivo do país, levando-o as ruinas. Ultimamente está tem sido uma das principais causas de grande parte dos principais fluxos migratórios.

Consequências


As consequências são inúmeras para os países geralmente para os países/localidades de origem e destino dos imigrantes.
No ponto de vista demográfico, assiste –se a redução da população, uma vez que o país de origem não possui os requisitos ou condições que proporcionem a comodidade dos seus cidadãos e a melhoria da qualidade de vida.
Nos últimos tempos, em função da nova vaga de imigrantes, aproximadamente 4.800 imigrantes foram salvos do mar mediterrâneo e levados aos portos da Itália e Grécia. A guarda costeira Italiana salvou perto de 3.700 imigrantes no canal da Sicília, enquanto as forças marítimas conseguiram salvar aproximadamente perto de 1.100 imigrantes (IOM).
Por outro lado da moeda, ultimamente muito imigrantes têm perdido a vida ao tentar imigrar para outros países ou continentes .
De acordo Organização Internacional para as Migrações (OIM), “mais de 1.900 imigrantes afogaram –se este ano ao tentar alcançar a Europa, e perto de 1.840 morreram ao tentar chegar a Itália”.

País de Origem
2014
2015
Eritreia
19 171
18 676
Nigéria
3 311
7 897
Somália
2 293
6 334
Síria
12 014
4 271
Gambia
3 562
3 593
Sudão
736
3 589
Senegal
1 861
2 839
Outros países
20 936
23 155
Total
63 884
70 354
Fonte: OIM (Junho, 2015).

Durante o primeiro semestre do ano de 2015, registou – se um aumento de 10% do fluxo de imigrantes comparativamente ao período homólogo de 2014, grande parte atravessaram o mar mediterrâneo e chegaram a Europa em condições críticas.
A fuga de cérebro (brain drain), é uma outra consequência para as economias dos países de origem, a mão de obra especializada ou técnica, uma vez que, os quadros procuram paulatinamente países que ofereçam condições de vida aceitáveis e permita desenvolver as qualidades técnicas.
Para os países de destino, as consequências para além de serem económicas tendem a alagar –se para outros sectores, concretamente o social.
O mundo registou um avalanche de imigrantes que dirigiram –se para os principais países da Europa, conforme abaixo descriminados:

País de Destino
Imigrantes
Itália
78 183
Malta
94
Grécia
79 338
Espanha
1 217
Total
158 832
Fonte: OIM (Junho, 2015).

Apenas durante o primeiro semestre do ano em curso, perto de 158 mil imigrantes chegaram a Europa, o facto dos respectivos países de destino não contarem com o elevado fluxo migratório, e os seus planos orçamentais não oferecem cobertura para tais despesas sociais, acabam por criar constrangimentos inúmeros, tais como: pobreza e outros.

CONCLUSÃO

Embora a migração actualmente tenha uma perspectiva diferente da registada aos longos dos tempos, no processo de construção e reconstrução de muitas economias, urge a necessidade de se repensar no modelo de migração actual.
As assimetrias, o subdesenvolvimento e os conflitos constituem nos diais de hoje, as principais causas da migração. Os países devem preocupar –se em gradativamente melhorarem a qualidade de vida dos seus cidadãos, de modos a reduzir a tendência crescente da migração que ultimamente se regista.
O fechamento das fronteiras e o isolamento, bem como a redução das taxas para imigrantes não constituem a solução para o problema, num mundo cada vez mais globalizado e universal.
A migração deve ser encarada num prisma diferente, que proporcione o aumento da competitividade, competência entre os povos e populações, contudo, uns ganham porque recebem mão de obra especializada que de certa forma, acabam por agregar valor para as suas economias.







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AULA DIA 16-04 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO

MIGRAÇÕES
Para melhor compreender os temas dessas áreas do conhecimento, é necessária a compreensão de alguns conceitos demográficos, que são fundamentais para a correta assimilação dos conteúdos recorrentes, como a população de um país, a densidade demográfica de outro, as formas e teorias de crescimento populacional, entre outros exemplos. A seguir, os principais termos e suas definições mais usuais.

Conceitos demográficos

Os conceitos demográficos são importantes para a compreensão da lógica das populações. Pois s demografia é o estudo das populações e suas dinâmicas. A Geografia da População, por sua vez, corresponde ao estudo dessas dinâmicas e suas relações com o espaço geográfico, onde as populações são vistas como agentes e produtos das relações sociais, econômicas, naturais e culturais que compõem o meio.

Conceitos

População absoluta: é o número total de pessoas que habitam um determinado lugar.
População relativa ou densidade demográfica: é o número de pessoas que habitam um lugar por unidade de medida de área. Por exemplo: a população de uma região é de 12 hab/km², o que significa que, em média, existem doze habitantes para cada quilômetro quadrado dentro da referida região.

Superpopulação ou superpovoamento: é quando o número de pessoas é muito grande em relação às condições estruturais e econômicas de um país. Um país com elevada população absoluta ou com uma densidade demográfica acentuada não necessariamente é superpovoado, a exemplo de muitos países europeus. Bangladesh, por exemplo, representa um país superpovoado, pois boa parte de sua população sofre com as carências econômicas e sociais.

Taxa de fecundidade: é uma média que indica o número de filhos por mulher em idade de ser mãe (entre 15 e 49 anos).

Taxa de natalidade: é o número de nascidos vivos em uma determinada localidade ao longo de um ano.

Taxa de mortalidade: é o número de óbitos anuais em uma determinada localidade em relação à população absoluta.

Taxa de mortalidade infantil: número de óbitos infantis envolvendo crianças com menos de um ano idade em relação ao número total de nascidos vivos ao longo de um ano.

Taxa de crescimento vegetativo ou natural: é a diferença entre as taxas de natalidade e mortalidade, representando o quanto uma população aumentou sem considerar a entrada de migrantes.

Saldo migratório: é a diferença entre os migrantes (pessoas de outras localidades que passaram a residir no local em questão) e o número de imigrantes (pessoas que mudaram para outros lugares).

Crescimento absoluto ou demográfico: é o crescimento total da população, resultante da soma entre crescimento vegetativo e o saldo migratório.

População Economicamente Ativa: para o IBGE, é o número de pessoas que possuem alguma atividade remunerada (ou doméstica não remunerada) ou que não possuem ocupação, mas que estão à procura de tal. Não envolve crianças e idosos.

Esperança ou Expectativa de Vida: é um cálculo estatístico que diz a média de idade máxima em que vive a população. A expectativa de vida ao nascer representa o tempo esperado de vida restante à população nascida em um determinado ano.

Conceitos sobre migrações

Migrações externas: são as migrações realizadas pela população de diferentes países.

Migrações internas: são as migrações realizadas entre as regiões ou unidades federativas de um dado território.

Êxodo rural ou migração campo-cidade: migração em massa da população do campo para as cidades.

Êxodo urbano ou migração cidade-campo: migração em massa da população das cidades para o meio rural.

Migração cidade-cidade: migração em massa da população de uma cidade ou conjunto de cidades para outras.

Migração pendular: migração diária e/ou rotineira realizada pela população envolvendo, geralmente, pequenas e médias distâncias. Exemplo: ir e voltar da escola.

Migração sazonal: migrações temporárias durante um ano ou período ligeiramente menor, geralmente realizadas por razões econômicas, políticas ou sociais.

Metropolização: migração em massa da população do campo e de pequenas e médias cidades para as metrópoles de um dado país.

Desmetropolização: desconcentração da população de um país das metrópoles para as pequenas e médias cidades.

MIGRAÇÕES
A questão das migrações e seus tipos é um dos temas mais debatidos na atualidade, embora elas sempre tenham existido na humanidade.
A migração representa o deslocamento de pessoas entre uma localidade e outra, podendo existir nas mais diversas escalas – desde uma rua até continentes inteiros – e nas mais diversas modalidades e tipologias. As migrações, de um modo geral, sempre existiram na história da humanidade, porém se intensificaram e ganharam um novo significado com a consolidação do processo de globalização.
As migrações no mundo acontecem pelos mais diversos motivos: religiosos, culturais, bélicos, humanitários, econômicos, político-ideológicos, educacionais, trabalhistas, sanitários e muitos outros. Elas podem ocorrer de maneira voluntária, forçada (como na escravidão ou diáspora) e controlada (quando o Estado controla a saída e a entrada de pessoas). Do ponto de vista da análise, diz-se que são emigrantes aqueles que deixam uma determinada área e imigrantes aqueles que entram em um território específico.

Os principais tipos de migração são:

Migração pendular: é o movimento diário realizado pelas pessoas dentro de um espaço geográfico limitado. Exemplo: ir à escola ou ao trabalho.

Migração sazonal: é o deslocamento em que a mudança não é fixa e leva um período de tempo relativamente curto, geralmente alguns meses.
Transumância: de forma semelhante à migração sazonal, ocorre quando um grupo de pessoas passa uma parte do ano em uma localidade e parte em outra, repetindo o deslocamento anualmente. Exemplos: população do Sertão Nordestino que vai até a Zona da Mata trabalhar no corte de cana durante os meses de colheita e depois retorna à sua região de origem.

Êxodo rural: também conhecido como migração campo-cidade, é o deslocamento em massa da população do campo para a cidade em um determinado país ou território.

Êxodo urbano: quando a população das cidades migra em massa para as zonas rurais.
Migração cidade-cidade ou migração intraurbana: é a migração realizada entre cidades diferentes ou em uma mesma cidade.

Nomadismo: é quando as populações deslocam-se continuamente sem uma moradia fixa. É muito rara hoje em dia.

Diáspora: é a rápida dispersão de um grupo populacional de um território. Exemplos: diáspora africana (ocorrida por força da escravidão colonial) e diáspora judaica (expulsão dos judeus da Palestina pelo Império Romano).

Existem três variáveis para se classificar os tipos de migrações: o espaço de deslocamento, o tempo de permanência do migrante, e como se deu a forma de migração.

Se considerarmos o espaço de deslocamento, tem-se:

Migração internacional – que ocorre de um país para outro.

Migração interna – que ocorre dentro de um mesmo país, subdividindo-se em:
a)      Migração inter-regional: que ocorre de um Estado para outro.
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b)      Migração intra-regional; que ocorre dentro do mesmo Estado.

Levando-se em consideração o tempo de permanência do migrante, tem-se:

Migração definitiva – em que a pessoa passa a residir permanentemente no local para o qual migrou.

Migração temporária – em que o migrante reside apenas por um período pré-determinado no lugar para o qual migrou, como é o caso dos boias-frias.

Se considerar a forma como se deu a migração, tem-se:

Migração espontânea – quando o sujeito planeja, espontaneamente, migrar para outra região, seja por motivo econômico, político ou cultural.

Migração forçada – quando o indivíduo se vê obrigado a migrar de seu lugar de origem, geralmente ocorrendo por catástrofes naturais, como, por exemplo, a seca que atingiu o nordeste brasileiro no final do século XI

A classificação das migrações pode mudar conforme o critério adotado, como o tempo de migração, distância, entre outros. O que podemos afirmar é que esse processo provoca inúmeras alterações no espaço geográfico entre os locais de origem e os locais de destino, que podem ocorrer no âmbito econômico, cultural, paisagístico e outros. A migração é uma das mais importantes formas de interação entre os povos tanto ao longo da história quanto na atualidade.

Razões para migração
Dentre as principais razões para a migração estão as de origem:
Econômica, quando o migrante sai em busca de melhores qualidades de vida, empregos, salários, muito comum em países ou regiões subdesenvolvidas.

Cultural e religiosa, no caso de grupos sociais que migram para o local com o qual identifica, como os muçulmanos que migram para Meca a fim de facilitar a prática de sua religião.

Políticas, ocorre com bastante frequência durante crises políticas, guerras, ditaduras, nas quais vários contingentes políticos migram, de forma livre ou forçada, para evitar os problemas de seu país. Exemplo disso, atualmente, são os refugiados sírios que deixam seu país para fugir de uma guerra civil que já dura quase 3 anos e contabiliza mais de 130 mil mortos.

Naturais, muito comum em lugares com a ocorrência de desastres ambientais, secas, frio intenso, calor excessivo etc.

Milhares de migrantes, muitos da Síria, Iraque e Afeganistão, realizam a travessia do mar Egeu, da Turquia, para chegar às ilhas gregas – porta de entrada da Europa *

No decorrer da história da humanidade, os grandes fluxos migratórios internacionais, ou seja, as principais direções de migração, ocorreram, principalmente, por razões econômicas, mas nem sempre se deslocaram para o mesmo sentido. Para se ter uma ideia, entre o século XVI até as primeiras décadas do século XX, o principal movimento migratório internacional ocorria da Europa para as outras regiões do globo, já que os países europeus foram os grandes responsáveis pela colonização da América, África e Ásia. No decorrer do século XX, o fluxo migratório passou a ser muito maior no sentido contrário, saindo dos países subdesenvolvidos para os países desenvolvidos da Europa e, principalmente, para os Estados Unidos e Canadá, que têm recebido muitos migrantes de várias partes do mundo, até mesmo da Europa, ou então de países mais pobres para países vizinhos que possuem economias mais estáveis, nesse caso os migrantes aproveitam que a entrada nesses países é facilitada por possuírem menos barreiras burocráticas e migram em busca de melhores condições de vida.
Essa mudança, no fluxo migratório, inicialmente foi bem recebida pelos países desenvolvidos, já que com o grande desenvolvimento econômico e industrial eles necessitavam de mão de obra barata que se sujeitasse a exercer tarefas mais pesadas, mas com o passar do tempo houve uma intensa mecanização no processo produtivo, diminuindo a necessidade de trabalhadores desqualificados. Com isso, muitos imigrantes perderam os seus empregos e passaram a contribuir para o aumento dos problemas sociais (desemprego, miséria, violência etc). Para tentar controlar a entrada de migrantes, e os problemas ocasionados pela grande reserva de trabalhadores desqualificados, vários países do mundo (países da Europa Ocidental, Estados Unidos, Canadá e outros) endureceram suas políticas relacionadas à migração, mas essas medidas não se mostraram eficazes, pois se tornou crescente o número de migrantes que entram nesses países ilegalmente e, por não possuírem visto, não podem trabalhar em trabalhos formais. Outros desafios provocados pelas migrações que os países desenvolvidos precisam lidar é o preconceito e a intolerância que parte de sua população possui em relação aos migrantes, já que por serem culpabilizados pelos problemas sociais e ainda possuírem hábitos e manifestações culturais distintas, muitas vezes são alvo de atitudes de preconceito ou intolerância.
De acordo com um relatório da ONU*, nos primeiros 15 anos do século XXI houve um aumento de 41% no número de migrantes no mundo, que chegou a aproximadamente 244 milhões, desses, cerca de um terço (76 milhões) vivem na Europa, 75 milhões na Ásia, continente que mais recebeu migrantes nesses últimos 15 anos, e 54 milhões na América do Norte. Considerando apenas o país com maior número de migrantes, os Estados Unidos lideram com 47 milhões de migrantes, seguido por Alemanha e Rússia, que possuem 12 milhões cada; Arábia Saudita com 10 milhões; Reino Unido com quase 9 milhões e Emirados Árabes Unidos com 8 milhões. Demonstrando, assim, que pelo menos nessas primeiras décadas do século XXI os fluxos migratórios para os países desenvolvidos ou países subdesenvolvidos com economias mais dinâmicas se manteve.





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AULA DIA 01-03 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO

FORMAÇÃO DO POVO BRASILEIRO

 

O povo brasileiro é caracterizado pela miscigenação, ou seja, pela mistura entre grupos étnicos. A diversidade étnica da população brasileira é resultado de pelo menos 500 anos de história, em que aconteceu a mistura de basicamente três grupos, são eles: os índios (povos nativos), brancos (sobretudo portugueses) e os negros (escravos).
A intensa miscigenação (cruzamentos) ocorrida entre esses grupos deu origem aos numerosos mestiços ou pardos (como são chamados oficialmente), cujos tipos fundamentais são os seguintes: mulato (branco + negro), o mais numeroso; caboclo ou mameluco (branco + índio) e cafuzo (negro + índio), o menos numeroso.

Sobre essa base juntaram-se, além dos portugueses, que desde a colonização continuaram entrando livre e regularmente no Brasil, vários outros povos (imigrantes), ampliando e diversificando ainda mais a formação étnica da população brasileira. Os principais grupos de imigrantes que entraram no Brasil após a independência (1822) foram os seguintes: atlanto-mediterrâneos (italianos e espanhóis), germanos (alemães), eslavos (poloneses e ucranianos) e asiáticos (japoneses).
A população brasileira é, assim, caracterizada por grande diversidade étnica e intensa miscigenação.
A elevada miscigenação ocorrida no período colonial, principalmente entre brancos (portugueses) e negros (africanos) , explica o rápido crescimento do contingente de mulatos em relação ao contingente de negros.
Em 1800, os negros eram 47% da população, contra 30% de mulatos e 23% de brancos. Fatores como, por exemplo, a proibição do tráfico de escravos (1850), a elevada mortalidade da população negra, o forte estímulo à imigração européia (expansão cafeeira), além da intensa miscigenação entre brancos e negros, alteraram profundamente a composição étnica da população brasileira. Em 1880, os negros estavam reduzidos a 20% da população, contra 42% de mulatos e 38% de brancos. Daí em diante, ocorreu a diminuição constante da população negra e aumento progressivo da população branca (intensificação da imigração européia, após a Abolição da Escravidão). Em 1991, os negros eram apenas 4,8% da população total, contra 55,2% de brancos e 39,2% de mestiços.
Excluídos do processo de desenvolvimento econômico e social do país, os negros formam atualmente, ao lado de grande parte de outras camadas não-brancas (mulatos, índios etc.) um enorme contingente de brasileiros marginalizados.
Os dados estatísticos fornecidos pelo recenseamentos gerais são relativamente precários e, até mesmo, omissos. No censo demográfico de 1970, por exemplo, no auge de regime militar, não há nada relativo aos negros e aos índios. Por quê? Manobra estratégica do governo para impedir a conscientização ou atuação de grupos étnicos minoritários?

Os números oficiais, principalmente os que se referem a brancos e negros, são passíveis de questionamento.

·          O primeiro recenseamento oficial no Brasil só foi realizado em 1872, ou seja, 372 anos após a chegada dos portugueses e cinqüenta anos após a Independência do país.
·          Há muita controvérsia com relação ao número de negros que entraram no Brasil, o mesmo ocorrendo com relação à população indígena que habitava o país na época da chegada dos colonizadores.
·          A ideologia do branqueamento, imposta pelo europeu, apregoando a superioridade do branco ("quanto mais branco, melhor") fez com que muitos indivíduos de ascendência negra passassem por brancos nos recenseamentos, a fim de obter maior aceitação social.
·          Fatos como esse permitem supor que os números mostrados são exagerados para mais, em relação aos brancos, e para menos, em relação aos negros.
·          A ideologia do branqueamento nada mais é que um modelo discriminatório, de natureza racista, criado pelas elites dominantes para marginalizar os negros, impedindo-os de obter ascensão social, econômica e cultural. O branqueamento teve importância decisiva no processo de descaracterização (enquanto raça) e no esvaziamento da consciência étnica dos negros.
·          O mulato, produto da miscigenação entre brancos e negros, constitui importante exemplo do poder de influência da ideologia do branqueamento. Por mais "claro" e mais bem-aceito socialmente que o negro, o mulato passou a se considerar superior ao negro, assimilando, com isso, a ideologia do branqueamento.

 

OS INDÍGENAS E A FORMAÇÃO DO BRASIL


O território que se tornaria o Brasil registra a presença de humanos há 12 mil anos.
Os indígenas ocupavam toda superfície, especialmente o litoral. Não devemos pensar que se tratavam de um único povo, mas sim de várias tribos indígenas, cada uma com sua língua e costumes.
A etnia mais numerosa eram a dos tupis-guaranis, e foram com eles que os portugueses travaram contato.
Os tupis conheciam a natureza, tinham nomeado os montes, praias e rios, sabiam quais as ervas eram nocivas ou não. Tudo isso foi ensinado aos portugueses.
Um dos exemplos mais claros da permanência da cultura indígena no Brasil pode-se comprovar através dos nomes próprios, como ItapoãPiratiningaPará, etc.
Na culinária, destaca-se o uso intensivo da mandioca, planta que havia sido domesticada pelos indígenas e que é item obrigatório em vários pratos brasileiros.
A cultura indígena sobrevive no Brasil através da arte

OS EUROPEUS E A ORIGEM DO POVO BRASILEIRO

 

Portugueses

O primeiro grupo europeu a aportar no Brasil foram os portugueses. Estes realizaram as viagens marítimas com vários objetivos: queriam metais preciosos, terras, expandir o cristianismo e glória nas batalhas. Motivos não faltaram para cruzar o “Mar Oceano”.
Os portugueses introduziram novos conceitos de sociedade, economia e religião, muito diferentes aos costumes indígenas. Um dos exemplos é a economia: ao invés de plantar para subsistência, agora era preciso cultivar produtos em grande escala que pudessem ser vendidos no mercado europeu.
Também trouxeram sua religião e a impuseram aos indígenas. Através da crença, vieram as festas, o idioma (latim e o português) e uma nova filosofia de vida. Ao invés de vários deuses, agora, adorava-se somente uma divindade, havia um livro para seguir e uma hierarquia de sacerdotes.
Além da religião, o português passou a ser o idioma do novo território, assim como a organização política e a economia capitalista.

 

Holandeses

Igualmente, durante o período colonial, temos que considerar a influência dos holandeses, especialmente em Pernambuco.
A chegada dos holandeses significou a vinda de uma nova religião, o calvinismo. No princípio, este gerou vários conflitos de ordem religiosa com episódios de destruição de templos católicos.
Os holandeses, também chamados de batavos, permaneceram vinte e quatro anos até serem expulsos por uma armada luso-espanhola.

OS AFRICANOS NA FORMAÇÃO DO BRASIL

 

Os africanos foram trazidos para serem escravos nas Américas.
No entanto, cada indivíduo trouxe seu idioma, sua fé e suas habilidades. Desta maneira, este saber foi se disseminando tanto nas fazendas onde trabalhavam como nos quilombos, que eram espaços de liberdade.
Apesar de toda brutalidade da escravidão no Brasil, os africanos introduziram alimentos, como o feijão e o quiabo. Na música, sua influência daria a cadência e o ritmo sincopado próprio da música popular brasileira.
Igualmente, na dança, verificamos que o jeito de mover a cintura foi herdada dos africanos, o que originou uma infinidade de bailes como o maxixe e o samba.
Os africanos, como os povos iorubás e jejes, trouxeram a religião e seus orixás, que foram misturados com a crença cristã. Isto deu origem aos terreiros de Candomblé e, posteriormente, à Umbanda no Brasil.
Além disso, várias palavras africanas foram incorporadas ao português brasileiro, como quilombo, marimbondo, moleque, farofa, cochichar, quitute, etc.
Festas como o maracatu são de influência africana

IMIGRANTES EUROPEUS NO BRASIL NOS SÉC. XIX E XX


Durante o século XIX, após vinda da corte portuguesa, os portos brasileiros foram abertos para o comércio com outras nações. Igualmente, pessoas de qualquer nacionalidade que desejavam fazer uma vida melhor, puderam se estabelecer no Brasil.
Desta maneira, levas de italianos, alemães, suíços, poloneses, espanhóis e árabes de diversas procedências vieram ao Brasil.
Cada uma dessas ondas de imigrantes acrescentou sua cultura e seus costumes ao Brasil. Assim, temos uma série de pratos, como o quibe e a esfirra, de origem árabe; bem como a introdução das massas e almôndegas pelos italianos, por exemplo.
Por sua parte, no começo do século XX a imigração japonesa foi estimulada pelos governos de ambos os países. Como consequência, o Brasil tem a maior população de descendentes de japoneses no mundo.

MESTIÇAGEM NO BRASIL

 

O Brasil, como se sabe, é um país com uma grande diversidade étnica, ou seja, apresenta uma elevada variedade de raças e etnias. Nesse caso, o termo “raça” não é compreendido em seu sentido biológico, mas sim em seus aspectos socioculturais de modo a diferenciar os grupos populacionais por características físicas externas, geralmente a cor e outros aspectos. Já o termo “etnia” costuma definir as populações com base também em suas diferenciações culturais e linguísticas, envolvendo também tradições, religiões e outros elementos.
Há, dessa forma, uma incontável variedade de tipos que definem a composição étnica do Brasil. Por exemplo, só de indígenas, segundo dados do IBGE, existem cerca de 305 etnias que pronunciam mais de 270 idiomas. Esse número é acrescido às diferentes ramificações de povos europeus, africanos, asiáticos e tantos outros que descenderam dos povos que migraram para o país durante o seu período histórico pós-descobrimento.
De um modo geral, podemos dizer que a composição étnica brasileira é basicamente oriunda de três grandes e principais grupos étnicos: os indígenas, os africanos e os europeus. Os índios formam os agrupamentos descendentes daqueles que aqui habitavam antes do período do descobrimento efetuado pelos portugueses. Com a invasão dos europeus, boa parte dos grupos indígenas foi dizimada, de modo que várias de suas etnias foram erradicadas.
Já os negros africanos compõem o grupo dos povos que foram trazidos à força da África e que aqui foram escravizados, sustentando a economia do país durante vários anos por meio de seu trabalho. Boa parte de nossa cultura, práticas sociais, religiões, tradições e costumes está associada a valores oriundos desses povos. Dentre as etnias africanas que vieram para o Brasil, destacam-se os bantos, os sudaneses e outras populações.
Já os povos europeus que vieram para o Brasil basicamente se formaram de populações portuguesas, além de grupos franceses, holandeses, italianos, espanhóis e outros, que configuraram a matriz étnica predominante no país, segundo vários estudos.
Há de se registrar também a miscigenação dessas diferentes composições étnicas que habitam o Brasil. Por miscigenação entende-se a mistura das diversas etnias, que deu origem a novas populações que resguardaram traços físicos e também culturais de ambas as suas matrizes.
Mas é claro que essa divisão é apenas uma visão simplista, pois é impossível dizer que apenas essas etnias formam a população brasileira, conforme o “mito das três raças” e suas derivações. Na verdade, existem centenas ou talvez milhares de agrupamentos diferentes ao longo do território brasileiro, de modo que qualquer classificação sempre restringirá a um certo limite algo que é muito mais amplo.

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) classifica a população brasileira com base em cinco tipos diferentes de raças: os brancos, os negros, os pardos, os amarelos e os indígenas, cuja distribuição podemos observar no quadro a seguir, elaborado com base em informações obtidas pelo Censo Demográfico de 2010:

População brasileira por cor ou raça, de acordo com o Censo de 2010

 

A união entre os diferentes biotipos humanos acabou gerando indivíduos que não eram completamente indígenas, brancos ou negros, no que se refere ao aspecto genético.
Este fenômeno é chamado de miscigenação ou mestiçagem e está muito presente na sociedade brasileira.
Como esta era uma sociedade que se pautava, sobretudo pela cor da pele, os novos tons ganharam nomes específicos.
Vejamos alguns deles:

Nome
Origem
Mameluco, caboclo, caiçara
mestiço de branco com índio (a coloração da pele acobreada lembrava os mamelucos egípcios)
Curiboca
filho de índio com mameluco
Mulato
filho de negro com branco
Pardo
filho de mulato com branco
Cafuzo
filho de negro com índio
Cabra
filho de negro com mulato
Crioulo
filho de pais negros, nascidos no Brasil

Desta maneira, percebemos que o povo brasileiro tornou-se uma grande mistura, tanto cultural e religiosa, como genética.

AS CORES DO BRASILEIRO

A identidade e a consciência étnicas são penosamente escamoteadas pelos brasileiros. Ao se auto-analisarem, procuram sempre elementos de identificação com os símbolos étnicos da camada branca dominante.

No censo de 1980, por exemplo, os não-brancos brasileiros, ao serem inquiridos pelos pesquisadores do IBGE sobre a sua cor, responderam que ela era:
 Acastanhada, agalegada, alva, alva escura, alvarenta, alva rosada, alvinha, amarela, amarelada, amarela queimada, amarelosa, amorenada, avermelhada, azul, azul marinho, baiano, bem branca, bem clara, bem morena, branca, branca avermelhada, branca melada, branca morena, branca pálida, branca queimada, branca sardenta, branca suja, branquiça, branquinha, loura, melada, mestiça, miscigenação, mista, morena, morena bem chegada, morena bronzeada, morena canelada, morena castanha, morena clara, morena cor de canela, morenada, morena escura, morena fechada, morenão, morena prata, morena roxa, morena ruiva, morena trigueira, moreninha, mulata, mulatinha, negra, negrota, pálida, paraíba, parda, parda clara, polaca, pouco clara, pouco morena, preta, pretinha, puxa para branca, quase negra, queimada, queimada de praia, queimada de sol, regular, retinha, rosa, rosada, rosa queimada, roxa, ruiva, russo, sapecada, sarará, saraúba, tostada, trigo, trigueira, turva, verde, vermelha, além de outros que não declararam a cor.
O total de 136 cores bem demonstra como o brasileiro foge da sua verdade étnica, procurando, através de simbolismos de fuga, situar-se o mais possível próximo do modelo tido como superior, o branco.
O povo brasileiro apresenta uma variada composição étnica.

VÍDEO AULA




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AULA DIA 25-03 – GEOGRAFIA/PROF. PAULO

Raça e etnia

Os conceitos de raça e etnia diferem-se na forma de abordagem das diferenças entre os grupos humanos.
Mesma espécie, raças diferentes?
conceito de raça é altamente complexo e objeto de grandes estudos sociológicos. O uso por parte do senso comum dessa forma de categorização perpetuou a ideia de que os grupos humanos são divididos de acordo com características biológicas.
As teorias sobre as diferentes raças humanas surgiram inicialmente no final do século XVIII e início do século XIX, tendo como autor principal Joseph Arthur de Gobineau (1816-1882) – o “pai do racismo moderno” –, filósofo francês e principal defensor da ideia de superioridade da raça branca. Desde então, vários trabalhos derivados da ideia de raças diferentes entre a espécie humana foram concebidos, de modo que, enquanto alguns autores distinguiram quatro ou cinco raças, outros chegaram a especificar mais de 20.
As teorias raciais surgiram como forma de tentar justificar a ordem social que surgia à medida que países europeus tornavam-se nações imperialistas, submetendo outros territórios e suas populações ao seu domínio. O conceito foi amplamente adotado em todo o mundo até o período da Segunda Guerra Mundial, quando o surgimento da ameaça nazista elevou a proporções astronômicas o preconceito e o ódio em relação a grupos humanos específicos.
Os trabalhos científicos que abordaram as diferenciações entre grupos humanos mostraram que, apesar das diferenças fenotípicas (cor dos olhos, da pele, cabelos etc.), as diferenças genéticas que existiam entre grupos de características físicas semelhantes eram praticamente as mesmas quando comparadas com as diferenças genéticas entre grupos de características físicas diferentes. Portanto, em termos biológicos, não existem “raças” com contorno definido, apenas um grande número de variações físicas entre os seres humanos.
Um dos exemplos de trabalhos sobre a contestação acerca do uso do termo “raça” para diferenciar grupos de indivíduos com base em características biológicas é o dos autores Sergio Danilo Junho Penha, professor do departamento de Bioquímica e Imunologia da Universidade Federal de Minas Gerais, e Telma de Souza Birchal, professora do Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Minas Gerais. O trabalho que eles desenvolveram foi intitulado: A inexistência biológica versus a existência social de raças humanas: pode a ciência instruir o etos social? (Revista USP -2006).
Diante dos fatos, a comunidade científica praticamente abandonou o uso do termo “raça”. Da mesma maneira, muitos autores da Sociologia concordam que o conceito de raça é apenas uma noção socialmente construída e perpetuada pelo preconceito ou pelo valor conceitual que alguns teóricos acreditam existir nos trabalhos que tratam de problemas sociológicos ligados à diferença. Nesse sentido, o conceito de raça é utilizado para tratar de problemas ligados ao valor socialmente atribuído a certas características físicas, como casos de discriminação ou segregação racial que ainda hoje observamos.
Dentre desse contexto, Anthony Giddens descreve o conceito de raça como sendo um “conjunto de relações sociais que permite situar os indivíduos e os grupos e determinar vários atributos ou competências com base em aspectos biologicamente fundamentados”. Isso quer dizer que a ideia de distinção racial vai além de tentar categorizar indivíduos por suas características biológicas, pois está também relacionada com certas formas de desigualdade social e outros fenômenos sociais.

Etnia
A etnia refere-se a um grupo social em que a identidade é definida por meio do compartilhamento de uma língua, cultura, tradições e territórios.
Os estudos realizados sobre assuntos como cultura, identidade, raça e etnia estão em voga e são de grande importância para as disciplinas vinculadas às Ciências Sociais. Isso acontece, em grande parte, em virtude do aumento do contato entre grupos étnicos e culturas diferentes, antes separados pelas barreiras geográficas. O advento da globalização encurtou distâncias e trouxe para nossa “vizinhança” culturas, pensamentos, ideias e línguas que, na grande maioria dos casos, nossos antepassados jamais haviam ouvido falar. Essa aproximação gerou, ao mesmo tempo, um sentimento de estranheza e de fascinação pelo exótico e diferente e, assim como tornou nosso mundo social mais diverso, também serviu de catalizador para um processo de acentuação das diferenças étnicas desses grupos.

O que é etnia?
Tudo isso está relacionado com a noção de etnia, que, resumidamente, pode ser conceituada como o sentimento de pertencer a determinado grupo com o qual o indivíduo partilha a mesma língua, tradições e território. Trata-se de características tão marcantes que, de inúmeras maneiras, acabam tornando-se pontos basilares da construção identitária do indivíduo, definindo certos aspectos da convivência social da população que constitui o grupo étnico.
O conceito estende-se às relações de alteridade entre grupos étnicos diferentes. Esses grupos veem-se de forma diferente dos demais e, ao mesmo tempo, também são entendidos como grupo distinto por outros grupos. É nesse ponto que a relação de alteridade insere-se. O convívio com a diferença torna-se “espelho” que reflete a autoimagem do grupo ao tornar claro o que lhe é estranho. Nessa perspectiva, a população de um grupo reconhece-se por meio da constatação de uma familiaridade linguística, religiosa, de tradições etc. Por esse motivo, a etnicidade fornece ao sujeito uma ligação direta com o passado por meio da ideia de continuidade, que é mantida na perpetuação das tradições e dos sentidos que elas carregam.

Raça e Etnia
Uma importante ressalva que devemos fazer é que o conceito de etnia é distinto do conceito de raça. Ainda que frequentemente sejam confundidos, a ideia de raça está ligada a uma concepção biológica, dando a entender que as diferenças entre grupos étnicos estão ligadas a predisposições biologicamente inatas. Essa ideia, no entanto, é um engano e não tem qualquer fundamento científico. Muitas vezes, esse equívoco acaba alimentando noções preconceituosas acerca de uma ou outra etnia. A construção de uma etnia é puramente social e baseia-se nas disposições do grupo e em suas experiências através de sua história.

As diferenças étnicas estão estampadas até mesmo nas formas de se vestir

Segregação Racial
Claramente, a palavra segregação não deixa dúvida quanto ao seu significado mais geral, quando pesquisamos no dicionário: separação; divisão a fim de evitar contato; isolamento. Ao trazermos essa palavra para uma discussão de cunho sociológico, é inevitável pensarmos nos desdobramentos negativos para a vida social, principalmente do ponto de vista das hostilidades e conflitos sociais gerados pela segregação em si. Podemos observar vários tipos de segregação ao longo da história, os quais foram (e ainda são em alguns casos) motivados pelos mais variados fatores.
Segundo Ely Chinoy, embora sejam muitas as circunstâncias que possam influenciar na estrutura das relações entre indivíduos de grupos raciais e étnicos diferentes, pelo menos três merecem destaque. O primeiro diz respeito ao tamanho e ao número dos grupos, o que é fundamental para pensarmos em minorias ou maiorias; o segundo ponto diz respeito às diferenças entre esses indivíduos no aspecto físico e também cultural; finalmente, o terceiro aspecto diz respeito à disputa por recursos e por melhores condições de sobrevivência entre tais grupos, sendo que as maiorias almejam, dentro da estrutura social, submeterem as minorias, para delas tirarem vantagem.
Se considerarmos o segundo aspecto apontado por Chinoy, nele se enquadra a segregação racial, a qual diz respeito às diferenças físicas e, até certo ponto, também culturais. Obviamente, os demais fatores como ser uma minoria e estar em constante competição por recursos também devem ser considerados. A segregação racial está embasada na intolerância gerada, muitas vezes, por uma visão etnocêntrica de uma maioria em detrimento de uma minoria em um mesmo território. O etnocentrismo vilipendia as formas de organização que se diferem daquela que se tem por referência, gerando os mais diversos preconceitos. Assim, a construção pelo senso comum de alguns estereótipos, isto é, da rotulação de determinados grupos, é, em certa medida, um meio no qual o preconceito consegue se sedimentar.
A segregação racial não é um fenômeno social novo, estando presente já dentre as primeiras civilizações, as quais lançavam mão de organizações sociais regidas por castas. Porém, em sociedades como a Índia esse tipo de estratificação social ainda é uma realidade. No século XX, o mundo assistiu um dos maiores genocídios já vistos, fruto da segregação racial e do preconceito oriundos do regime nazista de Hitler, o qual foi responsável pela morte de milhões de judeus em campos de extermínio. Para além da Ásia e Europa, podemos pensar em um exemplo do continente africano. Embora a segregação nesse continente tenha origem no processo de colonização, na África do Sul, ao longo de décadas, prevaleceu o chamado regime de Apartheid, através do qual a segregação racial entre brancos (europeus) e negros (africanos) encontrava amparo até mesmo na lei. Uma fatia expressiva da população africana de cor negra era excluída de vários direitos civis, sociais e políticos, ou seja, alienados de sua cidadania. Porém, a transformação dessa realidade (que perdurou ao longo de boa parte do século XX) se daria mais tarde pela luta política de Nelson Mandela. Da mesma forma, é válido citar outros conflitos, mesmo que gerados menos por questões de raça do que por diferenças étnicas, como os que ocorrem entre palestinos e judeus, as lutas pela emancipação do povo basco no continente europeu, a luta entre católicos e protestantes na Irlanda, o preconceito de franceses contra imigrantes, além, é claro, daquele cultivado por norte-americanos em relação a latinos, árabes e imigrantes em geral.
Ainda sobre a segregação racial, é fundamental discorrer sobre a forma como os Estados Unidos lidaram e ainda lidam com o preconceito contra o negro. Para que pudessem ter um presidente afro-descendente, muitas lutas foram necessárias, como a de Martin Luther King, do próprio movimento contracultural, do grupo político dos “panteras negras”, entre outros. Ainda assim, o preconceito e a segregação, em maior ou menor grau, persistem naquela sociedade.
Se tomarmos o Brasil como exemplo, a segregação racial contra negros e índios promovida por brancos desde os tempos de colônia foi decisiva na formação da sociedade brasileira. O mito das três raças como explicação do nascimento do homem brasileiro não foi suficiente para acabar com o racismo, o qual agora existe de maneira velada, escondido atrás de uma falsa democracia racial como já apontava Florestan Fernandes. Contudo, vale a pena observar que, embora o racismo não esteja extinto e ainda existam desigualdades sociais alarmantes, não existe uma segregação racial, étnica ou religiosa tão destacada na sociedade brasileira como a que se viu nos exemplos citados anteriormente, ao redor do mundo. Obviamente, não podemos desconsiderar os recentes ataques pela internet aos nordestinos (tema do enredo de uma escola de samba em 2011), as agressões a jovens homossexuais, e este preconceito racial velado, todos indícios da existência de grupos intolerantes e preconceituosos contra minorias (isso sem falar do preconceito contra as mulheres). Porém, daí a comparar a sociedade brasileira com a África do Sul do Apartheid não seria coerente com a realidade nacional.
Para termos uma ideia da importância dessa temática, bem como do aceno positivo do Brasil para lutar contra qualquer tipo de segregação, a ONU (Organização das Nações Unidas) e o governo brasileiro criaram um site específico sobre gênero, raça e etnia em março de 2011. O site do PNUD, o Programa Interagencial de Promoção da Igualdade de Gênero, Raça e Etnia foi feito em parceria com outros órgãos vinculados à ONU, como a OIT e UNICEF, tendo como objetivo defender e propagar a incorporação da equidade de gênero e de cor/raça na gestão pública. Obviamente, esse assunto é mais complexo do que pode parecer, principalmente quando traz em sua esteira outras questões como a construção de uma identidade nacional e a ideia de pertencimento à nação, apenas para citar alguns exemplos.
Martin Luther King lutava contra a segregação racial

Identidades nacionais - Étnico-Raciais e Diferenças culturais
 
 “identidade designa algo como uma compreensão de quem somos, nossas características definitórias fundamentais como seres humanos.”
Quando falamos em “identidade” ou identidades” devemos sempre estar bastante atentos (as), pois trata-se de um tema que envolve comportamentos, sentimentos, o modo de ser, de viver e de amar de cada um, e tudo isso é “carregado” de uma história de vida, ocorrida dentro de um determinado contexto social, com laços familiares e afetivos específicos, recheada de crenças e valores peculiares.
A identidade de um indivíduo é única, “identidade designa algo como uma compreensão de quem somos, nossas características definitórias fundamentais como seres humanos.” TAYLOR, Charles. “A política do reconhecimento”. In. Argumentos filosóficos. São Paulo: Loyola, 2000, p. 241. Aprenderemos aqui um pouco mais sobre essas características que nos definem, em primeiro lugar vamos falar sobre identidade nacional.
A caracterização da identidade nacional uni-se, primeiramente à existência da identidade cultural, bem, já sabemos o que é cultura, mas vale lembrar que a cultura é nossa herança social, nesse sentido, como brasileiros e brasileiras que somos, sofremos influências dos portugueses, negros, índios e imigrantes de vários países como os italianos.
Temos uma identidade cultural forte, baseada em uma língua comum, na miscigenação, comidas típicas, a arte barroca, a natureza exuberante, nossa música etc. Para que exista uma identidade nacional é necessário que o povo possua a consciência de nação, a nação é uma construção coletiva a partir de uma identidade nacional.
Desta forma, é imperioso que, além da identidade cultural, exista um projeto nacional de desenvolvimento, a compreensão de identidade nacional também envolve aspectos geográficos, jurídicos ou diplomáticos. Temos exemplos de países que possuem uma forte identidade cultural, como o Brasil, e outros detentores de uma elevada consciência de nação, apesar de não ter um grau elevado de identidade cultural.
Assim, podemos definir identidade nacional como o somatório de valores culturais resultante da vivência, que, apesar de incluir as diferenças regionais e peculiaridades grupais, é passível de caracterização por um traço que permita a definição de um perfil diversificado, contudo hegemônico baseado em habitante (homem), território, instituições, língua, costumes, religiões e história comuns. A identidade brasileira é proveniente do nascimento da nação, representado pelo idioma, etnias, bem como através do solo, clima, vegetação e relevo.
Nossa base cultural foi constituída pelo amálgama do processo de integração de portugueses, negros, índios e imigrantes de vários países do mundo. Uma etnia ou um grupo étnico é uma comunidade humana definida por afinidades linguísticas e culturais. Estas comunidades geralmente reivindicam para si uma estrutura social, política e um território.A palavra etnia é usada muitas vezes de forma equivocada como um sinônimo para grupo minoritário ou como um eufemismo para raça, embora não possam ser considerados como iguais.
A diferença reside no fato de que etnia também compreende os fatores culturais, como a nacionalidade, a afiliação tribal, a Religião, a língua e as tradições, enquanto raça compreende apenas os fatores morfológicos, como cor de pele, constituição física, estatura, traço facial, etc.(Fonte: Wikipédia) Segundo o antropólogo norueguês Fredrik Barth (1984), a identidade étnica se expressa pelo ato de um grupo poder contar "com membros que se identificam a si mesmos e são identificados pelos outros".
Desse modo a construção da identidade étnica tem na auto-afirmação sua grande base fundadora. Ainda que as análises culturais sejam essenciais, a etnicidade não pode ser genelarizada por ações da cultura. Barth acentua que o fato de compartilhar cultura comum pode ser visto como consequência não como fato causa dos grupos étnicos e suas identidades. “A reação diante da alteridade faz parte da natureza das sociedades.
Em todas as épocas, sociedades reagiram de forma específica diante do contato com uma cultura diversa à sua, ou seja com pessoas com costumes, crenças, valores, vestimentas , enfim com o modo de ser, de viver, de sentir distinto ao seu.
Um fenômeno comum, porém, caracteriza todas as sociedades humanas: o estranhamento, a que chamamos etnocentrismo. Diante de costumes de outros povos, a avaliação de formas de vida distintas se deu a partir dos elementos das suas próprias culturas.”

Etnocentrismo

A palavra etnocentrismo designa uma forma de enxergar outra etnia (e suas derivações, como cultura, hábitos, religião, idioma e formas de vida em geral) com base na etnia própria. A visão etnocêntrica de mundo não permite ao observador de uma cultura reconhecer a alteridade e faz com que ele estabeleça a sua própria cultura como ponto de partida e referência para quantificar e qualificar as outras culturas. Disso se resulta, grosso modo, que o observador etnocêntrico vê-se como superior aos demais em aspectos culturais, religiosos e étnico-raciais.

O que é etnocentrismo

A palavra etnocentrismo contém os radicais “etno” (derivado de etnia, que significa, por sua vez, semelhança de hábitos, costumes e cultura) e “centrismo” (posição que coloca algo no centro, como referência central a tudo que está a sua volta). A visão etnocêntrica é aquela que vê o mundo com base em sua própria cultura, desconsiderando as outras culturas ou considerando a sua como superior às demais.
A Ku Klux Klan tinha como uma de suas pautas a manutenção da supremacia branca e do cristianismo.
Everardo Rocha, antropólogo e professor do departamento de Comunicação Social da PUC-Rio e um grande estudioso brasileiro do etnocentrismo, afirma que o
“etnocentrismo é uma visão do mundo onde o nosso próprio grupo é tomado como centro de tudo e todos os outros são pensados e sentidos através dos nossos valores, nossos modelos, nossas definições do que é a existência. No plano intelectual, pode ser visto como a dificuldade de pensarmos a diferença; no plano afetivo, como sentimentos de estranheza, medo, hostilidade etc”.
O etnocentrismo pode relacionar-se com o racismo, com a xenofobia ou com a intolerância religiosa, porém esses elementos não são, rigorosamente, as mesmas coisas.

Etnocentrismo e Racismo

Enquanto o etnocentrismo designa uma classificação por etnia, o racismo parte da noção de “raça”, que foi construída socialmente ao longo dos anos, e defende a posição de que os diferentes grupos étnicos podem relacionar-se com as diferentes “raças”.
A noção de raça já está em desuso no campo da antropologia e da sociologia, pois ela pretendia, quando surgiu, assumir a tese de que a espécie humana era classificada por diferentes raças hierarquizadas, de modo que algumas fossem superiores e outras inferiores.
Na antropologia do século XIX, tentava-se associar o nível de desenvolvimento cultural com a “raça” (entendendo raça como um aspecto biológico), sendo que “culturas superiores” derivariam de raças superiores, e “culturas inferiores”, de raças inferiores.
Essa visão, por ser etnocêntrica e ter como base o homem branco europeu, justificou, à época, a exploração dos povos africanos, asiáticos, indianos, e nativos da Oceania e das Américas, por parte dos europeus.

Etnocentrismo e Xenofobia

A xenofobia é a aversão ao que é estrangeiro, ao que veio de fora. Uma visão etnocêntrica, por partir da sua própria cultura para estabelecer uma hierarquia cultural, tende a ver o estrangeiro como alguém inferior em hábitos, costumes, religião e outros aspectos culturais. O que resulta naquela aversão ao que veio de outro lugar e é, portanto, inferior ao que já habitava o lugar de referência.

Etnocentrismo e Intolerância Religiosa

Essa relação é semelhante às que foram descritas nos tópicos anteriores, mas relaciona-se diretamente com a religião. A tendência, neste caso, é que a religião do outro seja vista como errada e inferior, o que implica uma noção de classificação, hierarquização e preconceito quanto às religiões, derivando disso um etnocentrismo religioso.

Etnocentrismo Religioso

A visão etnocêntrica na religião causa a intolerância religiosa e o preconceito contra as manifestações espirituais diferentes das que o observador etnocêntrico segue. Tomemos como exemplo o Ocidente, que é majoritariamente cristão. O cristianismo foi amplamente difundido dentro da Europa, e a colonização das Américas pelos povos europeus forçou a entrada e disseminação dessa religião em nosso continente.
Os povos nativos daqui tiveram as suas crenças forçadamente profanadas pelos colonizadores, que promoveram, inclusive, grandes campanhas de catequização dos nativos por meio de grupos religiosos cristãos, os jesuítas, como a Companhia de Jesus. Para os europeus, o cristianismo era a religião correta, que levaria à salvação da alma, enquanto a religião dos povos nativos era inferior, errada, pecadora etc.
Ainda hoje existem casos de etnocentrismo religioso, quando, por exemplo, religiões de matriz africana são desrespeitadas por cristãos, que as associam ao pecado e ao que é considerado demoníaco, podendo acontecer também o movimento inverso (que é mais difícil de ocorrer por conta da hegemonia cristã ocidental). Isso ocorre porque o praticante de uma determinada religião tende a considerar o seu grupo religioso como a única manifestação dogmaticamente correta.

 

Etnocentrismo e Relativismo Cultural

No século XIX, iniciou-se o processo do neocolonialismo ou imperialismo europeu. A Inglaterra, a França, a Alemanha e outras potências capitalistas europeias investiram em novas políticas de expansão territorial e, praticamente, dividiram entre si os territórios da África, da Ásia e da Oceania.
Para justificar a exploração das riquezas daqueles lugares e a política de segregação racialos europeus tiveram que buscar uma justificativa científica, pois, no século XIX, a ciência já estava amplamente divulgada e a religião já não era mais suficiente para justificar qualquer tipo de ação autoritária.
Nesse sentido, a antropologia surgiu como uma tentativa de criar teorias científicas que justificassem a exploração dos povos de fora da Europa pelos povos europeus. As primeiras teorias dessa área, desenvolvidas pelo biólogo e geógrafo inglês Herbert Spencer, afirmavam que havia uma espécie de hierarquia das raças.
Nessa perspectiva, os brancos europeus eram superiores, seguidos pelos asiáticos, pelos índios e pelos africanos, sendo os últimos os menos desenvolvidos. Essa corrente ficou conhecida como darwinismo social ou evolucionismo social, pois se apropriou da teoria da evolução biológica de Charles Darwin e aplicou-a no campo sociológico. No fim do século XIX, o antropólogo e geógrafo alemão Franz Boas questionou o evolucionismo social ao conhecer a cultura dos povos nativos do atual estado do Alaska, nos Estados Unidos.
A partir do século XX, a visão etnocêntrica da antropologia foi revista por estudiosos como o antropólogo polonês Bronislaw Malinowski, que realizou trabalhos de campo com os aborígenes australianos, e o antropólogo belga radicado no Brasil Claude Lévi-Strauss, que durante anos aproximou-se de tribos indígenas brasileiras para desenvolver seu trabalho antropológico. Strauss deu o início mais preciso ao campo da antropologia cultural e ao estruturalismo antropológico, além de reconhecer de vez a importância de respeitar a diversidade cultural.
Claude Lévi-Strauss, o antropólogo que questionou o etnocentrismo presente nas análises antropológicas.
O respeito à diversidade cultural destrói qualquer noção de hierarquia cultural e traz à tona a ideia de relativismo, ou seja, de que os aspectos de uma cultura devem ser observados respeitando a identidade daquela cultura específica e não partindo de uma noção própria de sua cultura. Essa noção de relativismo cultural é necessária para estabelecer-se um estudo sério e preciso sobre as diferentes culturas, mas deve-se ter cautela quanto ao seu uso.
A filósofa brasileira e professora emérita da USP Marilena Chaui chama a atenção, em seu livro Convite à filosofia, para o fato de que um relativismo cultural exagerado pode ocasionar na normalização de comportamentos e hábitos culturais desumanos. Um exemplo disso está na Somália, onde habitantes de tribos locais praticam a extirpação do clitóris das meninas, o que causa danos irreparáveis à saúde delas. Essa prática, já denunciada e condenada pela ONU, é um exemplo de que nem sempre um hábito cultural pode ser relativizado em nome da recusa ao etnocentrismo.

Exemplos de Etnocentrismo

colonização das Américas iniciou-se sustentada sobre um viés etnocêntrico. Aliás, qualquer movimento que se pretenda colonizador em um local habitado por outros seres humanos é etnocêntrico. Um trecho da carta escrita por Pero Magalhães Gândavo, historiador português do século XVI, para o Rei de Portugal, exemplifica a visão etnocêntrica dos portugueses sobre os brasileiros:
“[...] a língua de que usam, toda pela costa, é uma: ainda que em certos vocábulos difere em algumas partes; mas não de maneira que se deixem de entender. (…) Carece de três letras, convém a saber, não se acha nela F, nem L, nem R, coisa digna de espanto, porque assim não têm Fé, nem Lei, nem Rei, e desta maneira vivem desordenadamente”.|2|
Essa visão expõe uma hierarquização de culturas que inferioriza os povos nativos do Brasil e estabelece o ponto de vista europeu como o superior arbitrariamente. Os portugueses consideravam o modo de vida tribal como desordenado porque eles buscavam deliberadamente apenas o modo europeu de viver como referencial cultural.
No Brasil o etnocentrismo prevalece ainda hoje, pois o homem branco que aqui vive ainda enxerga o indígena como alguém atrasado socialmente. Também vemos manifestações etnocêntricas por aqui ao percebermos os habitantes dos estados das regiões Sul e Sudeste do país acharem-se mais desenvolvidos cultural ou socialmente que os habitantes das regiões Norte e Nordeste.
Outro exemplo de etnocentrismo que ainda existe em nosso tempo é a visão de que o continente africano é atrasado, devastado por mazelas e pela fome. Se ainda há fome, miséria e doenças na África subsaariana, isso é consequência da exploração europeia que, além de tomar os recursos naturais daquele continente, estabeleceu uma divisão de Estados nacionais que forçou tribos rivais a conviverem juntas, ocasionando guerras civis sangrentas e intermináveis.
Um exemplo marcante de etnocentrismo ocorreu no governo nazista de Hitler, na Alemanha, que julgou existir uma superioridade da suposta raça ariana branca em relação às demais, o que justificava a apreensão, a expulsão e até a morte de povos de outras origens, em especial os judeus.
O etnocentrismo na antropologia oitocentista visava justificar a dominação de outros povos pelos europeus.

Darwinismo sociaL
O século XIX foi marcado pelo desenvolvimento do conhecimento científico. A busca por novas tecnologias, alavancada pela Revolução Industrial, fez com que os estudiosos se multiplicassem nas mais variadas áreas do conhecimento. Nessa época, várias academias e associações voltadas para o “progresso da ciência” reconheciam a figura dos cientistas e colocavam os mesmos como importantes agentes de transformação social.
No ano de 1859, um estudioso chamado Charles Darwin transformou uma longa caminhada de viagens, anotações e análises no livro “A origem das espécies”. Nas páginas daquela obra revolucionária nascia a teoria evolutiva, o mais novo progresso galgado pela ciência da época. Negando as justificativas religiosas vigentes, Darwin apontou que a constituição dos seres vivos é fruto de um longo e ininterrupto processo de transformação e adaptação ao ambiente.

Polêmicas à parte, Darwin expôs que as espécies se transformavam a partir de uma seleção em que características mais adaptadas a um ambiente se tornavam predominantes. Com isso, os organismos que melhor se adaptavam a um meio poderiam sobreviver através do repasse de tais mudanças aos seus descendentes. Em contrapartida, os seres vivos que não apresentavam as mesmas capacidades acabavam fadados à extinção.

Com o passar do tempo, observamos que as noções trabalhadas por Darwin acabaram não se restringindo ao campo das ciências biológicas. Pensadores sociais começaram a transferir os conceitos de evolução e adaptação para a compreensão das civilizações e demais práticas sociais. A partir de então o chamado “darwinismo social” nasceu desenvolvendo a ideia de que algumas sociedades e civilizações eram dotadas de valores que as colocavam em condição superior às demais.

Na prática, essa afirmativa acaba sugerindo que a cultura e a tecnologia dos europeus eram provas vivas de que seus integrantes ocupavam o topo da civilização e da evolução humana. Em contrapartida, povos de outras regiões (como África e Ásia) não compartilhavam das mesmas capacidades e, por tal razão, estariam em uma situação inferior ou mais próxima das sociedades primitivas.

A divulgação dessas teorias serviu como base de sustentação para que as grandes potências capitalistas promovessem o neocolonialismo no espaço afro-asiático. Em suma, a ocupação desses lugares era colocada como uma benfeitoria, uma oportunidade de tirar aquelas sociedades de seu estado “primitivo”. Por outro, observamos que o darwinismo social acabou inspirando os movimentos nacionalistas, que elaboravam toda uma justificativa capaz de conferir a superioridade de um povo ou nação.

De fato, o darwinismo social criou métodos de compreensão da cultura impregnados de equívocos e preconceitos. Na verdade, ao falar de evolução, Darwin não trabalhava com uma teoria vinculada ao choque binário entre superioridade e inferioridade. Sendo uma experiência dinâmica, a evolução darwiniana acreditava que as características que determinavam a “superioridade” de uma espécie poderiam não ter serventia alguma em outros ambientes prováveis.

Com isso, podemos concluir que as sociedades africanas e asiáticas nunca precisaram necessariamente dos valores e invenções oferecidas pelo mundo ocidental. Isso, claro, não significa dizer que o contato entre essas culturas fora desastroso ou marcado apenas por desdobramentos negativos. Entretanto, as imposições da Europa “superior” a esses povos “inferiores” acabaram trilhando uma série de graves problemas de ordem, política, social e econômica.
O darwinismo social realizou uma outra interpretação das ideias de Charles Darwin

 
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